29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

312 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

de existir na Tanzânia, perto do lago Eyasi, o grupo San<strong>da</strong>we, cuja língua parece<br />

relaciona<strong>da</strong> à dos Khoi -Khoi. A história dos Khoi -Khoi permanece, contudo,<br />

um dos pontos mais obscuros <strong>da</strong> evolução étnica <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Segundo Westphal,<br />

os diques <strong>da</strong>s línguas khoi -khoi teriam sido emprestados às línguas dos San.<br />

Teoria interessante, mas até agora não prova<strong>da</strong>.<br />

As savanas <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental foram, sem dúvi<strong>da</strong>, a primeira região do<br />

continente a ser povoa<strong>da</strong>. Hoje são habita<strong>da</strong>s por negros de língua bantu, que<br />

foram precedidos pelos grupos San e Khoi -Khoi, cujos remanescentes são os<br />

San<strong>da</strong>we e os Hadzapi. Outros povos <strong>da</strong> mesma região falam línguas cuchíticas<br />

ou pertencentes a outros grupos, como, por exemplo, o Iraqw. To<strong>da</strong>s essas línguas<br />

são anteriores à expansão <strong>da</strong>s línguas bantu, algumas <strong>da</strong>s quais apareceram em<br />

épocas relativamente recentes.<br />

Entre a área <strong>da</strong>s línguas camito -semíticas do norte e a <strong>da</strong>s línguas<br />

paleoafricanas do sul, intercala -se o vasto domínio <strong>da</strong>s línguas chama<strong>da</strong>s por<br />

M. Delafosse de “negro -africanas”, por Meinhof e Westermann de su<strong>da</strong>nesas<br />

e bantu, enquanto J. Greenberg as coloca nas famílias Congo -Kordofaniana e<br />

nilo -saariana. Em 1963, reconhecendo a uni<strong>da</strong>de dessas línguas, propus chamá-<br />

-las línguas zindj. Dentro dessa categoria geral, famílias ou grupos linguísticos<br />

poderiam eventualmente ser distinguidos, segundo o resultado <strong>da</strong>s pesquisas.<br />

A “expressão “línguas negro -africanas” é insatisfatória. O primeiro termo<br />

parece confundir as noções de raça e língua. Ora, os habitantes negros <strong>da</strong>s<br />

Américas e <strong>da</strong> própria <strong>África</strong> falam línguas totalmente diferentes. O segundo<br />

termo <strong>da</strong> expressão – africanas – também é inadequado, posto que to<strong>da</strong>s as<br />

línguas fala<strong>da</strong>s pelos habitantes <strong>da</strong> <strong>África</strong>, inclusive o africâner, são línguas<br />

africanas.<br />

Além disso, a divisão <strong>da</strong>s línguas “negro -africanas” em dois grupos – su<strong>da</strong>nesas<br />

e bantu – também parece errônea, uma vez que os estudos de D. Westermann<br />

demonstraram que as línguas <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental têm muitas características em,<br />

comum com as línguas bantu do ponto de vista lexical e estrutural. Esse trabalho<br />

preparou o caminho para uma revisão geral <strong>da</strong> classificação <strong>da</strong>s línguas africanas,<br />

que a escola linguística alemã lançou de maneira tão desastrosa. A classificação<br />

proposta por Greenberg é basea<strong>da</strong> no método denominado “mass comparison”.<br />

Tendo em conta os traços fun<strong>da</strong>mentais do sistema gramatical, baseia -se<br />

principalmente no léxico. Aplicando esse método, Greenberg distinguiu, em<br />

1954, 16 famílias linguísticas na <strong>África</strong>, e mais tarde apenas 12. Em 1963, esse<br />

número foi reduzido a quatro. Uma que<strong>da</strong> tão rápi<strong>da</strong> no número de famílias<br />

linguísticas indica claramente que o método não foi suficientemente elaborado<br />

e que houve pressa excessiva em produzir, a todo custo, uma classificação.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!