29.03.2013 Views

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Tendências recentes <strong>da</strong>s pesquisas históricas africanas e contribuição à história em geral<br />

reinados e de vastos impérios cuja história política se assemelhava à <strong>da</strong> Europa nos<br />

seus primórdios. As prevenções “elitistas” do público ocidental (como também<br />

do público africano educado à mo<strong>da</strong> ocidental) podiam servir de meio de<br />

ação para demonstrar, em última análise, a importância <strong>da</strong> história africana.<br />

Tratava -se de um tímido início. Era suficiente para resgatar os aspectos do<br />

passado <strong>da</strong> <strong>África</strong> que se assemelhavam ao do Ocidente, sem ratificar os mal-<br />

-entendidos suscitados pelas divergências de cultura. Poucos historiadores<br />

estavam convencidos, até aí, de que os impérios são em geral instituições duras<br />

e cruéis, e não necessariamente um índice de progresso político. Poucos se<br />

prontificavam a reconhecer, por exemplo, que uma <strong>da</strong>s grandes realizações<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong> fora provavelmente a socie<strong>da</strong>de sem Estado, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> mais sobre a<br />

cooperação do que sobre a opressão, e que o Estado africano se havia organizado<br />

de maneira a realmente apresentar autonomias locais.<br />

Essa tendência a aceitar certas particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> historiografia clássica<br />

– como primeiro passo para uma “descolonização” <strong>da</strong> história africana – é<br />

comumente encontra<strong>da</strong> no estudo do período colonial, nas áreas onde já<br />

existia uma história “colonial” oficial, que tendia a acentuar as ativi<strong>da</strong>des<br />

europeias e a ignorar a parte africana. Pior ain<strong>da</strong>, tal história mostrava os<br />

africanos como bárbaros pusilânimes ou desorientados. Seguia -se que <strong>da</strong><br />

Europa tinham vindo seres superiores que haviam feito o que os próprios<br />

africanos não teriam condições de fazer. Mesmo no seu mais alto grau<br />

de objetivi<strong>da</strong>de, “a história colonial” só outorgou aos africanos papéis<br />

secundários no palco <strong>da</strong> história.<br />

Sem modificar em na<strong>da</strong> os papéis, o primeiro esforço para corrigir essa<br />

interpretação limita -se a modificar os julgamentos de valor. De heróis a<br />

serviço <strong>da</strong> civilização em marcha, os desbravadores, governadores <strong>da</strong>s colônias,<br />

oficiais do exército, tornam -se cruéis exploradores. O africano aparece como<br />

vítima inocente, a quem se atribuem apenas atitudes passivas. É sempre a<br />

um punhado de europeus que a <strong>África</strong> e sua história devem o que são. (Sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, os europeus desempenharam às vezes os principais papéis durante o<br />

período colonial, mas to<strong>da</strong>s as revisões fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s em novas pesquisas em nível<br />

local permitem minimizar a influência europeia tal como foi vista na “história<br />

colonial” publica<strong>da</strong> antes de 1960).<br />

Um segundo passo em direção à descolonização <strong>da</strong> história do período<br />

colonial se dá paralelamente à vaga de movimentos nacionalistas pela<br />

independência. Eis que os africanos desempenham um papel na história:<br />

é necessário trazê -lo à luz do dia. Os especialistas em ciência política que<br />

escreveram no período dos movimentos de independência derrubaram as<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!