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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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270 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

os pés do gigantesco faraó. Os pictogramas são claros e eloquentes. Os outros<br />

signos são ideogramas. Distingue -se um “ta” oval simbolizando a terra. Em<br />

cima, há um grupo de signos e um quadrado para emoldurar o nome do faraó,<br />

Horus. Um peixe e um pássaro formam o nome “faraó”. Essas duas imagens são<br />

pictofonogramas.<br />

A Récade de Gezo mostra o soberano do Daomé sob a forma de um búfalo<br />

(assim como o faraó é simbolizado por um falcão) que mostra os dentes,<br />

significando o terror que semeia entre seus inimigos. Trata -se, neste caso, de<br />

uma aproximação simbólica. Mas há outros mais importantes.<br />

A Récade do rei Dakodonu ou Dokodunu, mais antiga (1625 -1650) e descrita<br />

por Le Hérissé, mostra com mais clareza ain<strong>da</strong> o princípio do “hieróglifo”<br />

<strong>da</strong>omeano. O texto <strong>da</strong> lâmina do machado pode ser lido <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

há um símbolo pictográfico que representa um sílex, “<strong>da</strong>”, e embaixo o desenho<br />

<strong>da</strong> terra, “ko”, com um furo no meio, “donon”. Esses signos são pictogramas,<br />

utilizados aqui como pictofonogramas. Juntando -os, como no caso do nome<br />

do faraó na Palette de Narmer, pode -se ler o nome do rei <strong>da</strong>omeano, Dakodonu.<br />

A escrita <strong>da</strong>omeana assemelha -se aos hieróglifos faraônicos em seus próprios<br />

princípios e em seu espírito, revelando as três técnicas usa<strong>da</strong>s pela grafia egípcia:<br />

a imagem pictográfica, o símbolo ideográfico e o signo pictofonográfico 46 .<br />

Num notável artigo de síntese o soviético Dmitri A. Olderogge aponta,<br />

como já o tinha feito Cheikh Anta Diop, o fato de que o sistema hieroglífico<br />

sobreviveu na <strong>África</strong> negra até uma época tardia.<br />

Em sua Description Historique des Trois Royaumes du Congo, du Matamba et<br />

de l’Angola, publica<strong>da</strong> em 1687, Gavassi de Motocculuo afirma que a escrita<br />

hieroglífica era utiliza<strong>da</strong> nessas regiões.<br />

Em 1896 foi descoberta uma inscrição hieroglífica nos rochedos de Tete,<br />

em Moçambique, ao longo do rio Zambeze, cujo texto foi publicado na época.<br />

Cheikh Anta Diop nota, em outro trabalho, o uso de uma grafia pictográfica<br />

tardia no Baol, onde recentemente foram descobertos traçados hieroglíficos em<br />

baobás muito antigos. Os Vai <strong>da</strong> Libéria utilizaram, durante muito tempo, uma<br />

escrita pictográfica em tiras de casca de árvores.<br />

A escrita meroítica, que nasceu na periferia meridional do Egito antigo,<br />

dá continuação à escrita faraônica, na qual se inspirava, a menos que a tenha<br />

originado ou que partilhe com ela a mesma origem.<br />

46 Ver capítulo 4.

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