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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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2 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

Assim sendo, o presente capítulo preocupar -se -á sobretudo com a<br />

historiografia <strong>da</strong> <strong>África</strong> ocidental, central, oriental e meridional. Ain<strong>da</strong> que<br />

nem os historiadores clássicos nem os historiadores islâmicos medievais tenham<br />

considerado a <strong>África</strong> tropical como destituí<strong>da</strong> de interesse, seus horizontes<br />

estavam limitados pela escassez de contatos que podiam estabelecer com ela,<br />

seja através do Saara em direção à “Etiópia” ou o Bilad ‑al ‑Suden, seja ao longo<br />

<strong>da</strong> costa do mar Vermelho e do oceano Índico, até os limites que a navegação<br />

de monções permitia atingir.<br />

As informações forneci<strong>da</strong>s pelos antigos autores no que se refere mais<br />

particularmente à <strong>África</strong> ocidental eram raras e esporádicas. Heródoto, Manetão,<br />

Plínio, o Velho, Estrabão e alguns outros descrevem apenas umas poucas viagens<br />

através do Saara, ou breves incursões marítimas ao longo <strong>da</strong> costa Atlântica,<br />

sendo a autentici<strong>da</strong>de de alguns desses relatos objeto de anima<strong>da</strong>s discussões<br />

entre especialistas. As informações clássicas a respeito do mar Vermelho e do<br />

oceano Índico têm um fun<strong>da</strong>mento mais sólido, pois é certo que os mercadores<br />

mediterrânicos, ou ao menos os alexandrinos, comerciavam nessas costas. O<br />

Périplo do Mar <strong>da</strong> Eritreia (mais ou menos no ano +100) e as obras de Cláudio<br />

Ptolomeu (por volta do ano +150, embora a versão que chegou até nós pareça<br />

referir -se sobretudo ao ano +400, aproxima<strong>da</strong>mente) e de Cosmas Indicopleustes<br />

(+647) constituem ain<strong>da</strong> as principais fontes <strong>da</strong> história antiga <strong>da</strong> <strong>África</strong> oriental.<br />

Os autores árabes eram mais bem informados, uma vez que em sua época a<br />

utilização do camelo pelos povos do Saara havia facilitado o estabelecimento de<br />

um comércio regular com a <strong>África</strong> ocidental e a instalação de negociantes norte-<br />

-africanos nas principais ci<strong>da</strong>des do Sudão ocidental. Por outro lado, o comércio<br />

com a parte ocidental do oceano Índico tinha se desenvolvido a tal ponto que um<br />

número considerável de mercadores <strong>da</strong> Arábia e do Oriente Próximo se instalara<br />

ao longo <strong>da</strong> costa oriental <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Assim, as obras de homens como al -Mas’udi<br />

(que morreu por volta de +950), al -Bakri (1029 -1094), al -Idrisi (1154), Yakut<br />

(cerca de 1200), Abu’l -Fi<strong>da</strong> (1273 -1331), al’Umari (1301 -1349), Ibn Battuta<br />

(1304 -1369) e Hassan Ibn Mohammad al -Wuzza’n (conhecido na Europa<br />

pelo nome de Leão, o Africano, 1494 -1552 aproxima<strong>da</strong>mente) são de grande<br />

importância para a reconstrução <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong>, em particular a do Sudão<br />

ocidental e central, durante o período compreendido entre os séculos IX e XV.<br />

No entanto, por mais úteis que sejam essas obras para os historiadores<br />

modernos, pairam dúvi<strong>da</strong>s de que possamos incluir algum desses autores ou<br />

de seus predecessores clássicos entre os principais historiadores <strong>da</strong> <strong>África</strong>. O<br />

essencial <strong>da</strong> contribuição de ca<strong>da</strong> um deles consiste numa descrição <strong>da</strong>s regiões<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong> a partir <strong>da</strong>s informações que puderam recolher na época em que

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