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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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774 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

o Faraó, Antinea com um adorno de cabeça que lembra o pschent faraônico –<br />

devem, em minha opinião, ser reavalia<strong>da</strong>s no sentido inverso, em termos de<br />

perspectiva histórica. É certo que o Egito exerceu uma importante influência<br />

sobre o interior <strong>da</strong> <strong>África</strong>, mas é certo também que essa influência foi limita<strong>da</strong>.<br />

No entanto, mais evidente ain<strong>da</strong> é a anteriori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> civilização do Saara pré-<br />

-histórico. Há também o fato de nenhum obstáculo, além <strong>da</strong> distância, separar<br />

os povos de Hoggar, Tassili e Fezzan do vale do Nilo, que foi por muito<br />

tempo (até o ressecamento do Saara) uma região hostil, coberta de pântanos.<br />

Foi somente a partir do período “histórico” que o Egito adquiriu o esplendor<br />

responsável pela tendência atual de tudo lhe atribuir, segundo o princípio de<br />

que “só se empresta aos ricos”. Mas, em matéria de arte e de técnica, os pólos<br />

estavam situados originariamente no Saara, no Sudão Cartumiense, na <strong>África</strong><br />

oriental e no Oriente Próximo. Aliás, o Saara pré -histórico deve muito mais<br />

às influências do sudeste <strong>da</strong> <strong>África</strong> que às do Oriente Próximo. Já as relações<br />

entre o sul <strong>da</strong> <strong>África</strong> e a região do Saara não parecem estar basea<strong>da</strong>s em provas<br />

concretas, embora Frobenius tenha chamado a atenção para um certo número<br />

de analogias 28 . Chegou -se mesmo a falar de uma “civilização magosiense”<br />

que, segundo E. Holm, teria sido quase pan -africana, mas não há na<strong>da</strong> muito<br />

claro sobre isso. De qualquer modo, a produção artística <strong>da</strong> pré -história sul-<br />

-africana é, em geral, posterior à <strong>da</strong> <strong>África</strong> do norte do equador; apesar de<br />

o povoamento <strong>da</strong> parte meridional do continente ser extremamente antigo 29 .<br />

Como já dissemos, certos autores atribuem erroneamente ao século XVII grande<br />

período <strong>da</strong>s representações do maciço do Drakensberg, ou seja, após a chega<strong>da</strong><br />

dos Bantu. Em todo caso, do ponto de vista estilístico, parece que a pintura do<br />

sul não tem afini<strong>da</strong>des com o período chamado de “Cabeças redon<strong>da</strong>s” do Saara,<br />

relacionando -se apenas com o período bovidiano. Ela se distingue também por<br />

motivos típicos, como a vegetação abun<strong>da</strong>nte, as paisagens com representações<br />

estiliza<strong>da</strong>s de rochas, os temas funerários, etc. De qualquer maneira, o estudo<br />

comparativo deve ser mais desenvolvido e, principalmente, o quadro geral <strong>da</strong><br />

história do Homo sapiens pré -histórico africano deve ser melhor eluci<strong>da</strong>do, antes<br />

de podermos traçar eventuais flechas que representem a direção de correntes<br />

artísticas.<br />

28 HAUERLAND, E. 1973, p. 74.<br />

29 Cf. J. D. CLARK, capítulo 20 deste volume. Alguns autores sugerem que a arte rupestre difundiu -se a<br />

partir do Zimbabwe em direção à Namíbia e ao Cabo, em segui<strong>da</strong>, em direção ao Transvaal e à região<br />

de Orange; quanto às obras policroma<strong>da</strong>s evoluí<strong>da</strong>s, novamente do Zimbabwe em direção à Namíbia.<br />

Cf. A. R. WILLCOX, 1963.

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