02.08.2017 Views

_Manual de Direito Administrativo_(2017)_Jose dos Santos Carvalho Filho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Responsabilida<strong>de</strong> Civil do Estado<br />

I.<br />

Introdução<br />

1.<br />

RESPONSABILIDADE. NOÇÃO JURÍDICA<br />

A noção <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> implica a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> resposta, termo que, por sua vez, <strong>de</strong>riva do vocábulo verbal latino<br />

respon<strong>de</strong>re, com o sentido <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, replicar. 1<br />

De fato, quando o <strong>Direito</strong> trata da responsabilida<strong>de</strong>, induz <strong>de</strong> imediato a circunstância <strong>de</strong> que alguém, o responsável, <strong>de</strong>ve<br />

respon<strong>de</strong>r perante a or<strong>de</strong>m jurídica em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> algum fato prece<strong>de</strong>nte.<br />

Esses dois pontos – o fato e a sua imputabilida<strong>de</strong> a alguém – constituem pressupostos inafastáveis do instituto da<br />

responsabilida<strong>de</strong>. De um lado, a ocorrência do fato é indispensável, seja ele <strong>de</strong> caráter comissivo ou omissivo, por ser ele o<br />

verda<strong>de</strong>iro gerador <strong>de</strong>ssa situação jurídica. Não po<strong>de</strong> haver responsabilida<strong>de</strong> sem que haja um elemento impulsionador prévio. De<br />

outro, é necessário que o indivíduo a que se impute responsabilida<strong>de</strong> tenha a aptidão jurídica <strong>de</strong> efetivamente respon<strong>de</strong>r perante a<br />

or<strong>de</strong>m jurídica pela ocorrência do fato.<br />

No que diz respeito ao fato gerador da responsabilida<strong>de</strong>, não está ele atrelado ao aspecto da licitu<strong>de</strong> ou ilicitu<strong>de</strong>. Como regra,<br />

é verda<strong>de</strong>, o fato ilícito é que acarreta a responsabilida<strong>de</strong>, mas, em ocasiões especiais, o or<strong>de</strong>namento jurídico faz nascer a<br />

responsabilida<strong>de</strong> até mesmo <strong>de</strong> fatos lícitos. Nesse ponto, a caracterização do fato como gerador da responsabilida<strong>de</strong> obe<strong>de</strong>ce ao<br />

que a lei estabelecer a respeito.<br />

1.1. Tipos <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong><br />

O fato gerador da responsabilida<strong>de</strong> varia <strong>de</strong> acordo com a natureza da norma jurídica que o contempla. Essa variação é que<br />

propicia tipos diversos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> ou, em outras palavras, a diversida<strong>de</strong> da norma correspon<strong>de</strong> à diversida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> tipos <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Temos, então, que se a norma tem natureza penal, a consumação do fato gerador provoca responsabilida<strong>de</strong> penal; se a norma<br />

é <strong>de</strong> direito civil, teremos a responsabilida<strong>de</strong> civil; e, finalmente, se o fato estiver previsto em norma administrativa, dar-se-á a<br />

responsabilida<strong>de</strong> administrativa.<br />

Como as normas jurídicas, no caso acima, são autônomas entre si, a consequência é a <strong>de</strong> que as responsabilida<strong>de</strong>s também<br />

serão, em princípio, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: a responsabilida<strong>de</strong> civil não acarreta, necessariamente, a responsabilida<strong>de</strong> penal e a<br />

administrativa; esta última, por sua vez, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da civil e da penal. Apenas para exemplificar: uma infração administrativa <strong>de</strong><br />

impontualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um servidor causa a sua responsabilida<strong>de</strong> administrativa, mas não implica sua responsabilida<strong>de</strong> penal, porque<br />

não foi violada norma <strong>de</strong>ssa natureza. Por outro lado, se o indivíduo causa dano a outrem, agindo com negligência, tem<br />

responsabilida<strong>de</strong> civil, mas não penal nem administrativa, vez que sua conduta só vulnerou norma <strong>de</strong> caráter civil.<br />

Po<strong>de</strong>m, eventualmente, conjugar-se as responsabilida<strong>de</strong>s, mas isso só vai ocorrer se a conduta violar, simultaneamente,<br />

normas <strong>de</strong> naturezas diversas. No crime <strong>de</strong> peculato (art. 312, CP), por exemplo, o servidor que se apropria in<strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong><br />

bem público sob sua custódia tem, cumulativamente, responsabilida<strong>de</strong> penal, civil e administrativa, porquanto sua conduta violou,<br />

simultaneamente, esses três tipos <strong>de</strong> norma.<br />

2.<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL<br />

O tema que ora enfrentamos se cinge à responsabilida<strong>de</strong> civil, isto é, aquela que <strong>de</strong>corre da existência <strong>de</strong> um fato que atribui

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!