02.08.2017 Views

_Manual de Direito Administrativo_(2017)_Jose dos Santos Carvalho Filho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

acrescentar o § 4 o ao art. 40 da Lei n o 6.830, <strong>de</strong> 22.09.1980 (Lei <strong>de</strong> Execuções Fiscais), admitiu que o juiz po<strong>de</strong>rá, <strong>de</strong> ofício,<br />

ouvida a Fazenda, <strong>de</strong>cretar <strong>de</strong> imediato a prescrição intercorrente contra a mesma Fazenda, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja <strong>de</strong>corrido o prazo<br />

prescricional a partir da <strong>de</strong>cisão que or<strong>de</strong>nou o arquivamento do processo, permitindo-se apenas a arguição <strong>de</strong> eventuais causas<br />

suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional. Como a citada norma tem caráter processual, é <strong>de</strong> aplicar-se <strong>de</strong> imediato aos<br />

processos em curso. 291<br />

O vigente CPC, no entanto, introduziu outra alteração. Embora tenha continuado a admitir tacitamente a <strong>de</strong>cretação da<br />

prescrição ex officio pelo juiz, impôs que, antes que este a reconheça e também a <strong>de</strong>cadência, <strong>de</strong>ve conferir às partes<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestação (art. 487, parágrafo único, CPC). Tal condição só não é exigida no caso em que o juiz julgar<br />

liminarmente improce<strong>de</strong>nte o pedido, fundando-se na ocorrência da prescrição ou da <strong>de</strong>cadência (art. 332, § 1º, CPC).<br />

8.<br />

MANDADO DE SEGURANÇA<br />

8.1. Conceito<br />

Mandado <strong>de</strong> segurança é a ação <strong>de</strong> fundamento constitucional pela qual se torna possível proteger o direito líquido e certo<br />

do interessado contra ato do Po<strong>de</strong>r Público ou <strong>de</strong> agente <strong>de</strong> pessoa privada no exercício <strong>de</strong> função <strong>de</strong>legada.<br />

Sem qualquer dúvida, o mandado <strong>de</strong> segurança representa o mais po<strong>de</strong>roso instrumento <strong>de</strong> proteção aos direitos <strong>dos</strong><br />

indivíduos e agora também aos direitos <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> pessoas toma<strong>dos</strong> <strong>de</strong> forma global. Trata-se <strong>de</strong> garantia fundamental, como<br />

assinala a Constituição ao inserir esse mecanismo entre os instrumentos <strong>de</strong> cidadania e <strong>de</strong> tutela aos direitos em geral.<br />

Inegavelmente constitui expressivo pilar <strong>de</strong> enfrentamento relativamente aos atos estatais, <strong>de</strong> qualquer natureza, assim<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> <strong>de</strong> forma genérica aqueles provenientes <strong>de</strong> órgãos e pessoas do próprio Estado, bem como aqueles oriun<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

pessoas privadas no <strong>de</strong>sempenho da função pública por <strong>de</strong>legação. Portanto, nada mais justo que o examinemos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo como<br />

sendo a arma mais eficaz <strong>de</strong> controle da Administração Pública. 292<br />

8.2.<br />

Espécies e Fontes Normativas<br />

Após o advento da Constituição <strong>de</strong> 1988, po<strong>de</strong>mos encontrar duas espécies <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança.<br />

De um lado, temos o mandado <strong>de</strong> segurança individual, modalida<strong>de</strong> clássica da ação, adotado para a <strong>de</strong>fesa do direito<br />

próprio do impetrante. Aqui o resultado da ação atinge exclusivamente a esfera jurídica do interessado. Sua base constitucional é<br />

o art. 5 o , LXIX, da Constituição.<br />

De outro, encontramos o mandado <strong>de</strong> segurança coletivo, cuja impetração é atribuída a pessoas jurídicas para a <strong>de</strong>fesa do<br />

interesse <strong>de</strong> seus membros ou associa<strong>dos</strong>. É o caso, por exemplo, <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> classe ou uma associação quando se<br />

insurge contra ato do Po<strong>de</strong>r Público ofensivo a direito <strong>de</strong> seus membros ou associa<strong>dos</strong>. A fonte constitucional <strong>de</strong>ssa categoria<br />

está no art. 5 o , LXX, da CF, que – diga-se <strong>de</strong> passagem – foi também o mandamento instituidor <strong>de</strong>ssa espécie.<br />

Atualmente, o diploma básico regulador <strong>de</strong> ambas as espécies é a Lei n o 12.016, <strong>de</strong> 7.8.2009 (LMS – Lei do Mandado <strong>de</strong><br />

Segurança), que revogou a antiga Lei n o 1.533/1951 e várias outras leis posteriores que alteraram a disciplina do writ. À guisa <strong>de</strong><br />

informação, esclareça-se que a lei revogada, obviamente, disciplinava tão somente o mandado <strong>de</strong> segurança individual e, por essa<br />

razão, era aplicada subsidiariamente ao mandado <strong>de</strong> segurança coletivo. Por falta da legislação específica, a modalida<strong>de</strong> coletiva<br />

gerou uma série <strong>de</strong> controvérsias em sua aplicação.<br />

8.3.<br />

A Tutela<br />

Constitui objeto da tutela <strong>de</strong> ambas as espécies <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança o direito líquido e certo. Trata-se <strong>de</strong> noção<br />

bastante controvertida, havendo alguns autores que enten<strong>de</strong>m que o fato sobre o qual se funda o direito é que po<strong>de</strong> ser líquido e<br />

certo, e não o direito em si, este sempre líquido e certo quando existente. 293<br />

Domina, porém, o entendimento <strong>de</strong> que direito líquido e certo é aquele que po<strong>de</strong> ser comprovado <strong>de</strong> plano, ou seja, aquela<br />

situação que permite ao autor da ação exibir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo os elementos <strong>de</strong> prova que conduzam à certeza e à liqui<strong>de</strong>z <strong>dos</strong> fatos que<br />

amparam o direito. Se o impetrante não tem esses elementos logo no início do mandado <strong>de</strong> segurança, não po<strong>de</strong> valer-se do<br />

instrumento, mas sim das ações comuns. Não obstante, nada impe<strong>de</strong> seja concedida a segurança quando há controvérsia sobre<br />

matéria <strong>de</strong> direito, como já consagrou a jurisprudência. 294 É que nesse caso a matéria <strong>de</strong> direito suplanta a matéria <strong>de</strong> fato,<br />

propiciando ao juiz, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, i<strong>de</strong>ntificar e reconhecer o direito ofendido.<br />

Não é qualquer direito líquido e certo que é protegido pelo mandado <strong>de</strong> segurança. Se se tratar <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> locomoção, o<br />

instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa será o habeas corpus; se for o direito líquido e certo à informação, a ação será o habeas data. Tem-se,<br />

então, que o mandado <strong>de</strong> segurança serve para a tutela <strong>de</strong> todas as categorias <strong>de</strong> direito líquido e certo, à exceção <strong>dos</strong> que são

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!