02.08.2017 Views

_Manual de Direito Administrativo_(2017)_Jose dos Santos Carvalho Filho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A área contábil é aquela em que se formalizam os registros das receitas e <strong>de</strong>spesas. Na área financeira stricto sensu, o<br />

controle se executa sobre os <strong>de</strong>pósitos bancários, os empenhos, o pagamento e o recebimento <strong>de</strong> valores etc. O controle<br />

orçamentário visa ao acompanhamento do orçamento e à fiscalização <strong>dos</strong> registros nas rubricas a<strong>de</strong>quadas.<br />

Restam os controles operacional e patrimonial. No primeiro, a fiscalização inci<strong>de</strong> sobre a execução das ativida<strong>de</strong>s<br />

administrativas em geral, verificando-se notadamente a observância <strong>dos</strong> procedimentos legais para cada fim, bem como a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua a<strong>de</strong>quação à maior celerida<strong>de</strong>, eficiência e economicida<strong>de</strong>. O controle patrimonial recai sobre os bens do<br />

patrimônio público, exigindo-se sejam fiscaliza<strong>dos</strong> os almoxarifa<strong>dos</strong>, os bens em estoque, os bens <strong>de</strong> uso, os bens consumíveis<br />

etc.<br />

NATUREZA DO CONTROLE – A Constituição foi incisiva quando proclamou que o controle será exercido sob cinco<br />

aspectos diferentes:<br />

1.<br />

2.<br />

3.<br />

4.<br />

5.<br />

quanto à legalida<strong>de</strong>;<br />

quanto à legitimida<strong>de</strong>:<br />

quanto à economicida<strong>de</strong>;<br />

quanto à aplicação das subvenções; e<br />

quanto à renúncia <strong>de</strong> receitas. 208<br />

O controle da legalida<strong>de</strong> é aquele que se caracteriza como fundamental, e por mais <strong>de</strong> uma razão. A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

administrar é subjacente à lei, <strong>de</strong> modo que não se po<strong>de</strong> conceber que seu <strong>de</strong>sempenho afronte os coman<strong>dos</strong> normativos <strong>de</strong>sta. Se<br />

o administrador pu<strong>de</strong>sse vulnerar a lei, estaria indiretamente legislando e não administrando. Além <strong>de</strong>sse aspecto, cumpre<br />

lembrar que a legalida<strong>de</strong> foi relacionada como princípio expresso na Constituição atual, como se observa no art. 37, caput. A<br />

verda<strong>de</strong> é que na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrar a vonta<strong>de</strong> pessoal do administrador não tem maior valia e nem po<strong>de</strong> prevalecer sobre a<br />

vonta<strong>de</strong> da lei. O controle financeiro envolve, primordialmente, o exame da legalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> atos da Administração.<br />

O controle da legitimida<strong>de</strong> foi uma novida<strong>de</strong> constitucional. Ao referir-se à legitimida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se ter referido à<br />

legalida<strong>de</strong>, a Constituição parece ter admitido um controle externo <strong>de</strong> mérito por parte do Congresso, no aspecto financeiro.<br />

Note-se que o art. 70 da CF cuida <strong>dos</strong> sistemas <strong>de</strong> controle interno e externo. No que se refere ao controle interno, nenhuma<br />

novida<strong>de</strong> há no controle <strong>de</strong> mérito, que é, como vimos, uma revisão com base em critérios administrativos <strong>de</strong> conveniência e<br />

oportunida<strong>de</strong>. O ângulo novo na questão é a admissibilida<strong>de</strong> do controle externo <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>. Como bem salienta MANOEL<br />

GONÇALVES FERREIRA FILHO, a legalida<strong>de</strong> diz apenas com o confronto formal entre o ato e a lei, mas a legitimida<strong>de</strong> não<br />

observa apenas as formas prescritas ou não <strong>de</strong>fesas pela lei, mas também em sua substância se ajusta a esta, assim como aos<br />

princípios não jurídicos da boa administração. 209<br />

O sentido acima se completa com o controle da economicida<strong>de</strong>, que enseja a verificação, pelo órgão controlador, da<br />

existência, ou não, <strong>dos</strong> princípios da a<strong>de</strong>quação e da compatibilida<strong>de</strong>, referentes às <strong>de</strong>spesas públicas. Esse controle também<br />

envolve o mérito, porque, nas palavras <strong>de</strong> JOSÉ AFONSO DA SILVA, que já se vão tornando clássicas, serve para verificar se o<br />

órgão proce<strong>de</strong>u, na aplicação da <strong>de</strong>spesa pública, <strong>de</strong> modo mais econômico, aten<strong>de</strong>ndo, p. ex., uma a<strong>de</strong>quada relação custobenefício.<br />

210<br />

A aplicação das subvenções e a renúncia <strong>de</strong> receitas são os <strong>de</strong>mais aspectos em que po<strong>de</strong> se efetivar o controle, envolvendo<br />

aspectos <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> mérito. No concernente à aplicação das subvenções tanto é importante fiscalizar se o <strong>de</strong>stino formal<br />

das verbas observou o que <strong>de</strong>terminava a lei, como se, mesmo atendida esta, o aplicador as utilizou <strong>de</strong> forma econômica,<br />

criteriosa e não perdulária. Este último enfoque é importante, porque ninguém <strong>de</strong>sconhece que alguns administradores não têm a<br />

menor preocupação quanto ao preço <strong>de</strong> bens e serviços, isso naquele criticável pensamento <strong>de</strong> que os recursos são públicos e, por<br />

isso, seus gastos não ofen<strong>de</strong>m seus próprios bolsos.<br />

A renúncia <strong>de</strong> receitas há <strong>de</strong> ter sempre caráter excepcional, pois que não po<strong>de</strong> o administrador <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> receber recursos<br />

que vão ser verti<strong>dos</strong> para a própria coletivida<strong>de</strong>. A fiscalização interna e externa <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar esse aspecto. É verda<strong>de</strong> que, em<br />

algumas ocasiões, a renúncia a receitas traduz interesse público específico; se assim ocorrer, a renúncia será lícita. Ilícita, isto<br />

sim, será a renúncia sem causa, ou seja, aquela para a qual o administrador não tenha qualquer fundamento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

administrativa. Nesse caso, a renúncia pura e simples, sem motivo administrativo legítimo, caracteriza <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> finalida<strong>de</strong> e se<br />

sujeita à invalidação e à responsabilida<strong>de</strong> funcional, civil e criminal do administrador.<br />

3.<br />

TRIBUNAL DE CONTAS<br />

O Tribunal <strong>de</strong> Contas é o órgão integrante do Congresso Nacional que tem a função constitucional <strong>de</strong> auxiliá-lo no controle

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!