02.08.2017 Views

_Manual de Direito Administrativo_(2017)_Jose dos Santos Carvalho Filho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CF. Desse modo, a Corte eximiu-se <strong>de</strong> apreciar a legalida<strong>de</strong>, ou não, <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> parlamentares em face do regimento interno da<br />

Casa Legislativa. 258<br />

6.<br />

INSTRUMENTOS DE CONTROLE<br />

6.1. Meios Inespecíficos<br />

Meios inespecíficos <strong>de</strong> controle judicial da Administração são os representa<strong>dos</strong> por aquelas ações judiciais <strong>de</strong> que todas as<br />

pessoas se po<strong>de</strong>m socorrer, ou, em outras palavras, por aquelas ações que não exijam necessariamente a presença do Estado em<br />

qualquer <strong>dos</strong> polos da relação processual. 259<br />

São exemplos <strong>de</strong> meios inespecíficos as ações ordinárias, a ação penal, os interditos possessórios, a nunciação <strong>de</strong> obra nova,<br />

a consignação em pagamento. Em to<strong>dos</strong> esses casos, po<strong>de</strong>rá dar-se o controle judicial sobre atos da Administração. 260<br />

6.2. Meios Específicos<br />

Meios específicos <strong>de</strong> controle judicial são aquelas ações que exigem a presença no processo das pessoas administrativas ou<br />

<strong>de</strong> seus agentes. Tais meios se caracterizam pelo fato <strong>de</strong> que foram instituí<strong>dos</strong> visando exatamente à tutela <strong>de</strong> direitos individuais<br />

ou coletivos contra atos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, comissivos ou omissivos. 261<br />

São meios específicos: o mandado <strong>de</strong> segurança, a ação popular, o habeas corpus, o habeas data e o mandado <strong>de</strong> injunção.<br />

Além <strong>de</strong>sses cinco meios, temos a ação civil pública, que, apesar <strong>de</strong> nem sempre exigir a presença do Estado ou <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong><br />

suas autorida<strong>de</strong>s, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma forma específica <strong>de</strong> controle judicial da Administração.<br />

Adiante, teceremos breves consi<strong>de</strong>rações sobre cada um <strong>de</strong>sses instrumentos especiais <strong>de</strong> controle. Antes, porém,<br />

examinaremos alguns aspectos sobre a prescrição <strong>de</strong> ações contra a Fazenda.<br />

7.<br />

PRESCRIÇÃO DE AÇÕES CONTRA A FAZENDA PÚBLICA<br />

7.1. Sentido<br />

Prescrição é a perda da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular uma pretensão na via judicial em <strong>de</strong>corrência da inércia do titular do<br />

direito material. Em outras palavras, não é o direito material que se extingue, mas sim a pretensão à sua tutela, a ser requerida<br />

através da ação judicial. Como bem salienta CLÓVIS BEVILÁQUA, “não é o fato <strong>de</strong> não se exercer o direito que lhe tira o<br />

vigor”. E culmina rematando: “O que o torna inválido é o não uso da sua proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva, da ação que o reveste e<br />

protege.” 262 A inércia do titular não provoca a prescrição como penalida<strong>de</strong>. O que ocorre é que o tempo faz nascer e consolidarse<br />

outras situações jurídicas contrárias ao direito e <strong>de</strong>sse modo fica o titular do direito material sem condições jurídicas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fendê-lo contra essas novas situações.<br />

A prescrição distingue-se da <strong>de</strong>cadência. Aquela acarreta a perda da pretensão a ser formulada na ação, ou, como se diz na<br />

prática, a perda da ação; esta provoca a perda do próprio direito. Além disso, a prescrição se suspen<strong>de</strong> ou se interrompe, ao passo<br />

que na <strong>de</strong>cadência não há paralisação do curso do prazo, a menos que a lei expressamente o admita. Essa é a sistemática agora<br />

adotada pelo vigente Código Civil (arts. 189 e 207).<br />

O tema examinado neste tópico diz respeito à ocorrência da prescrição das ações <strong>de</strong> particulares contra a Fazenda Pública,<br />

ou seja, os casos em que o particular, titular do direito material em face da Fazenda, fica impossibilitado <strong>de</strong> ver a pretensão à<br />

tutela <strong>de</strong>sse mesmo direito como objeto <strong>de</strong> apreciação judicial.<br />

7.2. Fonte Normativa<br />

A prescrição <strong>de</strong> ações contra a Fazenda Pública é disciplinada pelo antigo Decreto n o 20.910 (com força <strong>de</strong> lei), <strong>de</strong><br />

6.1.1932, que dispõe que “as dívidas passivas da União, <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou<br />

ação contra a Fazenda Fe<strong>de</strong>ral, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos conta<strong>dos</strong> da<br />

data do ato ou fato do qual se originarem” (art. 1 o ).<br />

Complementando esse diploma, foi baixado o Decreto-lei n o 4.597, <strong>de</strong> 19.8.1942, que esten<strong>de</strong>u a aplicação do Decreto n o<br />

20.910/1932 às dívidas passivas das autarquias, ou “entida<strong>de</strong>s e órgãos paraestatais”, cria<strong>dos</strong> por lei e manti<strong>dos</strong> por receita<br />

tributária prevista em lei, “bem como todo e qualquer direito e ação contra os mesmos” (art. 2 o ).<br />

Apesar da confusa redação <strong>de</strong> ambos os dispositivos, que acabou ren<strong>de</strong>ndo ensejo a algumas controvérsias, o certo é que a<br />

doutrina dominante sustenta, e a nosso ver com razão, que esses diplomas favoreceram o Estado com a prescrição quinquenal,<br />

quer se trate <strong>de</strong> dívidas passivas, como dizem os cita<strong>dos</strong> diplomas, quer se trate <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> natureza diversa. 263

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!