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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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102 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

toda parte fosse sublevado a <strong>de</strong>struí-lo, e instigassem uns aos outros<br />

nesta empresa. E ele repete duas vezes que se congregaram, a fim <strong>de</strong><br />

mostrar quão resolutos e <strong>de</strong>terminados eram em sua oposição a ele;<br />

a menos, talvez, que alguns prefiram explicar as palavras assim: Congregaram-se,<br />

não só os que tinham algum pretexto para agir assim,<br />

‏,נכים hebraico, mas até mesmo os mais pobres <strong>de</strong>ntre o povo. O termo<br />

nekim, literalmente significa os atormentados ou exaustos, 11 mas que<br />

aqui <strong>de</strong>ve ser entendido como que <strong>de</strong>notando pessoas vis e <strong>de</strong>stituí-<br />

‏,כאה das <strong>de</strong> reputação. Alguns intérpretes, aliás, o <strong>de</strong>rivam do termo<br />

kaäh, que significa fazer dano, e o explicam ativamente: Os que me fizeram<br />

dano. Mas as interpretações anteriores concordam melhor com o<br />

<strong>de</strong>sígnio da passagem, ou seja, que Davi fora vergonhosamente tratado<br />

pelos refugos mais torpes <strong>de</strong>ntre o povo. As palavras, coisas que <strong>de</strong>sconheço,<br />

po<strong>de</strong>m referir-se tanto à causa quanto às pessoas. Eu, <strong>de</strong> minha<br />

parte, as explico como se referindo às pessoas neste sentido: Quanto a<br />

terem algum motivo <strong>de</strong> queixa <strong>de</strong> que os ofendi ou lhes fiz algum dano,<br />

eu nem mesmo os conheço. Ao mesmo tempo, estas palavras po<strong>de</strong>m<br />

ser entendidas como contendo uma queixa por parte <strong>de</strong> Davi <strong>de</strong> que o<br />

povo se comprometera contra ele sem nenhum motivo, visto que ele<br />

não tem consciência <strong>de</strong> crime algum e po<strong>de</strong> atribuir como sendo <strong>de</strong><br />

nenhum fundamento o feroz ódio que nutriam contra ele. Quanto à última<br />

cláusula do versículo, igualmente, embora os intérpretes nutram<br />

diferentes opiniões, parece-me ter apresentado o significado genuíno<br />

e natural. Literalmente é: e sem cessar espicaçaram-me; mas não po<strong>de</strong><br />

11 A palavra se <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> ‏,נכה nakah, golpear ou castigar. A LXX traz μαστιγες, açoites; Jerônimo<br />

traduz: percutientes, golpeadores, no que é seguido por Ainsworth, que enten<strong>de</strong> a palavra como<br />

significando golpeadores com a língua ou caluniadores, e enten<strong>de</strong> que a LXX, ao traduzir açoites,<br />

aludia ao azorrague da língua, como em Jó 5.21; e se golpeadores é a tradução correta, po<strong>de</strong>mos<br />

com certeza concluir que, como esta ação <strong>de</strong> golpear é representada como praticada contra a<br />

pessoa que era seu objeto em sua ausência, era um golpear com a língua. Ao mesmo tempo, este<br />

crítico observa que a palavra po<strong>de</strong> ser traduzida por o golpeado, isto é, pessoa abjeta, torpe, como<br />

em Jó 30.8. O Dr. Kennicott a traduz por verberones, chicoteados, escravos, patifes torpes. Outro<br />

significado da palavra, segundo Buxtorff, é: perna torta ou coxo. Neste sentido é usada em 2 Samuel<br />

4.4 e 9.3; e daí o epíteto <strong>de</strong> Neco foi aplicado a um dos Faraós, que coxeava. E assim facilmente<br />

veio a ser empregada como um termo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdém. Calvino e os tradutores <strong>de</strong> nossa Bíblia inglesa<br />

concordam com o significado que se aplica a esta palavra.

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