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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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304 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

Agora procedo a observar as várias partes, as quais, contudo,<br />

só farei menção em termos breves. Já disse que embora este cântico<br />

seja <strong>de</strong>nominado, um cântico <strong>de</strong> amor, ou canto nupcial, todavia se<br />

faz divina instrução para manter o mais proeminente lugar nele, a<br />

fim <strong>de</strong> que nossa imaginação não nos leve a consi<strong>de</strong>rá-lo como uma<br />

referência a alguma aventura lasciva e carnal. Sabemos também<br />

que no mesmo sentido Cristo é chamado “a perfeição da beleza”;<br />

não que houvesse alguma extraordinária exibição <strong>de</strong>la em seu rosto,<br />

como alguns homens grosseiramente imaginam, mas porque ele<br />

se distinguia pela posse <strong>de</strong> dons e graças singulares, nos quais ele<br />

excelia muitíssimo aos <strong>de</strong>mais. Tampouco é um estilo incomum <strong>de</strong><br />

expressão, dizer que o que é espiritual em Cristo <strong>de</strong>va ser <strong>de</strong>scrito<br />

sob a forma <strong>de</strong> figuras terrenas. Diz-se que o reino <strong>de</strong> Cristo<br />

será opulento; e em acréscimo se diz que ele atingirá um estado<br />

<strong>de</strong> imensa glória, tal como vemos on<strong>de</strong> há gran<strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong><br />

e amplo po<strong>de</strong>r. Nesta <strong>de</strong>scrição se inclui também abundância <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>leites. Ora, nada <strong>de</strong> tudo isto se aplica literalmente ao reino <strong>de</strong><br />

Cristo, o qual é separado das pompas <strong>de</strong>ste mundo. Visto, porém,<br />

ser o <strong>de</strong>sígnio dos profetas adaptar sua instrução à capacida<strong>de</strong> do<br />

antigo povo <strong>de</strong> Deus, portanto, ao <strong>de</strong>screver o reino <strong>de</strong> Cristo e o<br />

culto divino que se <strong>de</strong>ve observar nele, empregaram figuras tomadas<br />

das cerimônias da lei. Se mantivermos em mente este método<br />

fosse <strong>de</strong>scrito como “mais belo que os filhos dos homens”, como “po<strong>de</strong>roso guerreiro”, como<br />

“vitorioso vencedor”, como “um príncipe cujo trono é para todo o sempre”; – se o título “Deus”<br />

não lhe fosse aplicado; – se não fosse dito que seus “filhos”, em lugar <strong>de</strong> seu pai, fossem “feitos<br />

príncipes em toda a terra” (v. 16); que “seu nome” “seria lembrado por tdas as gerações”, e que<br />

“o povo o louvaria para todo o sempre” (v. 7); – se estas coisas não fossem expressas acerca <strong>de</strong>le,<br />

sem muita incongruência, po<strong>de</strong>ria com razão pôr em dúvida se a aplicação primária <strong>de</strong>ste Salmo<br />

é a ele. Além disso, embora Salomão fosse tipo <strong>de</strong> Cristo, ele não o era em todas as coisas, e não<br />

há nada neste poema, nem em alguma outra parte da Escritura, que po<strong>de</strong>mos ler acerca do matrimônio<br />

<strong>de</strong>ste príncipe com a filha <strong>de</strong> Faraó como uma imagem ou tipo do matrimônio místico <strong>de</strong><br />

Jesus Cristo com a Igreja. Portanto, concordamos com Rosenmüller, <strong>de</strong> que “a noção <strong>de</strong> Rudinger<br />

e Grotius”, e outros críticos, <strong>de</strong> “que este cântico é um epithalamium – um cântico em celebração<br />

do matrimônio <strong>de</strong> Salomão e sua principal esposa, a filha <strong>de</strong> Faraó (1Rs 3.5), <strong>de</strong>ve ser totalmente<br />

rejeitada”; e que ele se aplica exclusivamente ao Messias e à união mística entre ele e sua Igreja;<br />

posto numa alegoria tomada dos costumes <strong>de</strong> uma corte oriental e sob a imagem do amor conjugal,<br />

ele é representado como o noivo e a Igreja, sua noiva.

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