31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

504 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

as serpentes po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>ixar fascinar pelo encantamento; e não vejo<br />

qualquer inconveniente em admiti-lo. Era crido pelos antigos que Marsi,<br />

na Itália, exceliam nesta arte. Não houvesse nenhuma prática <strong>de</strong><br />

encantamentos, que necessida<strong>de</strong> haveria <strong>de</strong> os mesmos serem proibidos<br />

e con<strong>de</strong>nados sob o regime da lei? [Dt 18.11]. Não quer dizer<br />

que haja um método ou uma arte real pela qual a fascinação po<strong>de</strong> ser<br />

efetuada. Sem dúvida era feita através do simples trenó <strong>de</strong> Satanás, 6<br />

a quem Deus tolerava que praticassem suas ilusões aos olhos dos incrédulos<br />

e ignorantes, embora os impedisse <strong>de</strong> enganar os que têm<br />

sido iluminados por sua Palavra e seu Espírito. Po<strong>de</strong>mos, porém, evitar<br />

toda ocasião <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> tão iníqua, adotando o ponto <strong>de</strong> vista<br />

já referido, ou seja, que Davi, neste texto, tomou por empréstimo sua<br />

comparação <strong>de</strong> um erro popular então prevalecente, supondo-se meramente<br />

que ele simplesmente diz que nenhum gênero <strong>de</strong> serpente era<br />

imbuído <strong>de</strong> maior astúcia que seus inimigos, nem mesmo as espécies<br />

(se porventura existiam) que se protege contra os encantamentos.<br />

curiosos e interessantes da história natural. É amiú<strong>de</strong> mencionado pelos escritores clássicos gregos<br />

e romanos, bem como pelos hebreus e árabes; para os últimos <strong>de</strong>les, as diferentes espécies <strong>de</strong><br />

serpentes eram bem notórias. É também apoiado pelo testemunho <strong>de</strong> muitos turistas mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Algumas serpentes se <strong>de</strong>leitam com os sons <strong>de</strong> música vocal e instrumental, po<strong>de</strong>ndo por esse<br />

meio <strong>de</strong>sarmada <strong>de</strong> sua fúria e tornada inofensiva (Ec 10.11). Não é incomum no oriente fazer-se<br />

uso <strong>de</strong> gaitas, flautas, apitos ou <strong>de</strong> pequenos tambores para atraí-las para fora <strong>de</strong> seus escon<strong>de</strong>rijos<br />

e dominar sua ferocida<strong>de</strong>. E quando já estão domesticadas, o encantador as faz dançarem e<br />

manter o tempo das notas musicais, enroscá-las em torno <strong>de</strong> seu corpo e pegar nelas sem qualquer<br />

problema, mesmo quando seus <strong>de</strong>ntes não sejam quebrados nem extraídos. Mas em alguns<br />

casos a arte do encantador falha; e, não obstante seus encantamentos, a serpente se lança ao<br />

braço, ou em alguma outra parte do corpo, e faz com seus <strong>de</strong>ntes venenosos uma ferida mortal (Jr<br />

8.17). Em tal caso, ela “não ouvirá a voz do encantador”. Não é necessário supor que a “serpente<br />

surda” signifique uma espécie <strong>de</strong> serpente naturalmente surda, e à qual é impossível que encantador<br />

fascine. Nada mais significaria senão que seus encantamentos às vezes não têm êxito; que<br />

algumas serpentes surdas são tão obstinadas que o som da música não causa impressão nelas;<br />

e que são como criaturas <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> audição, ou cujos ouvidos estão tampados. A maneira<br />

como a “serpente surda fecha seus ouvidos” é assim <strong>de</strong>scrita por Bochart: “O réptil encosta um<br />

ouvido junto ao chão e com sua calda tampa o outro, para não ouça o som da música; ou ela repele<br />

o encantamento, silvando violentamente.” Tão impenetráveis são os ímpios aqui representados<br />

por qualquer persuasão; não se <strong>de</strong>ixam mudar a fim <strong>de</strong> olvidar suas ímpias maquinações, nem se<br />

<strong>de</strong>ixam trazer aos caminhos <strong>de</strong> Deus, mesmo mediante os rogos mais persuasivos.<br />

6 O po<strong>de</strong>r que os encantadores exerciam sobre as serpentes era provavelmente atribuído por<br />

eles à agência <strong>de</strong> seres invisíveis, ainda que pu<strong>de</strong>sse ser o natural efeito da música que usavam.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!