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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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386 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

entretida é que o Salmo aponta para o período da renovação da Igreja,<br />

e que o <strong>de</strong>sígnio do profeta era informar os ju<strong>de</strong>us do vindouro cancelamento<br />

<strong>de</strong> seu culto figurativo sob [o regime <strong>de</strong>] a lei. Admito sem a<br />

menor sombra <strong>de</strong> dúvida que os ju<strong>de</strong>us estavam sujeitos aos rudimentos<br />

do mundo, os quais constituíam ainda a maioria da Igreja, e à vinda<br />

do que os apóstolos chamam “plenitu<strong>de</strong> dos tempos” [Gl 4.4]; a única<br />

pergunta é se o profeta <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado aqui como a dirigir-se aos<br />

homens <strong>de</strong> sua própria época e simplesmente con<strong>de</strong>nava o abuso e a<br />

corrupção do culto legal, ou se estava a predizer o futuro reino <strong>de</strong> Cristo.<br />

À luz do escopo do Salmo é suficientemente óbvio que o profeta <strong>de</strong> fato<br />

interpreta a lei para seus contemporâneos, visando a mostrar-lhes que as<br />

cerimônias, enquanto existissem, não lhes eram <strong>de</strong> qualquer importância<br />

ou, por outro lado, conectavam o mais elevado significado. Objeta-se que<br />

Deus nunca chamou o mundo inteiro exceto pela promulgação do evangelho,<br />

e que a doutrina da lei se direcionava a apenas um povo peculiar. A<br />

resposta é óbvia, ou seja: que o profeta, nesta passagem, <strong>de</strong>screve o mundo<br />

inteiro convocado, não com o propósito <strong>de</strong> receber um único sistema<br />

comum <strong>de</strong> fé, senão para ouvir Deus pleitear sua causa com os ju<strong>de</strong>us em<br />

sua presença. O apelo é <strong>de</strong> uma natureza paralela com outros que encontramos<br />

na Escritura: “Daí ouvidos, ó céus, e eu falarei! E ouve, ó terra, as<br />

palavras <strong>de</strong> minha boca!” [Dt 32.1]; ou como em outro lugar: “Os céus e a<br />

terra tomo hoje como testemunhas contra vós, <strong>de</strong> que te tenho proposto<br />

a vida e a morte” [Dt 30.19]; e também Isaías: “Ouve, ó céu, e dá ouvido, ó<br />

terra, pois o Senhor tem falado” (Is 1.2]. 5<br />

5 “O Targum, Kimchi e R. O<strong>de</strong>diah Gaon interpretam este Salmo como referência ao dia do juízo,<br />

e Jarchi o toma como uma profecia da re<strong>de</strong>nção mediante o futuro <strong>de</strong> seu Messias.” – Dr. Gill. Dr.<br />

Adam Clarke o explica no primeiro <strong>de</strong>stes sentidos; observando que “ante a menor consi<strong>de</strong>ração<br />

ou fato, parece impossível, com alguma proprieda<strong>de</strong>, restringi-lo.” Entretanto, tudo indica que<br />

Calvino sustenta ser antes o objetivo e intenção do poema ensinar a absoluta inutilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas<br />

as cerimônias externas na ausência <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> interior; e ele é construído no plano <strong>de</strong> uma<br />

realização dramática, sendo Jehovah o único autor assentado em seu trono em Sião, e o auditório<br />

sendo o mundo inteiro, o qual é convocado para ser testemunha do juízo que é lavrado sobre<br />

seu povo. Este é o ponto <strong>de</strong> vista assumido pelo bispo Lowth em suas Preleções sobre a Poética<br />

Sacra, vol. ii. p. 235. Walford apresenta a mesma interpretação. “Para interpretar esta passagem”,<br />

diz ele, “sobre a promulgação do evangelho, como é feito pelo bispo Horne e outros expositores<br />

do livro, é por causa <strong>de</strong> uma teoria favorita para confundir as coisas que são distinção e para

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