31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

172 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

<strong>de</strong>s, sem dúvida às vezes significa punição ou castigo, mas isto só<br />

num sentido secundário e metafórico. Estou igualmente disposto a<br />

admitir que Davi aplica ao efeito o que é próprio da causa, quando<br />

<strong>de</strong>screve pelo epíteto iniqüida<strong>de</strong>s o castigo que granjeara por seu<br />

próprio pecado; e, não obstante, seu objetivo, ao mesmo tempo,<br />

é clara e distintamente confessar que todas as aflições que sofrera<br />

<strong>de</strong>veriam ser imputadas aos seus pecados. Ele não discute com<br />

Deus pela excessiva severida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu castigo, como o fez Caim,<br />

que disse: “Meu castigo é tão gran<strong>de</strong> que não posso suportar” [Gn<br />

4.13]. É verda<strong>de</strong>, aliás, que Moisés usa a mesma palavra, ‏,עון avon,<br />

naquela passagem, <strong>de</strong> modo que há certa similarida<strong>de</strong> entre a linguagem<br />

<strong>de</strong> Davi e a <strong>de</strong> Caim. A intenção <strong>de</strong> Davi, porém, é bem<br />

diferente. Quando tais tentações como estas se insinuavam em sua<br />

mente: É possível que Deus te aflija com mais severida<strong>de</strong> do que<br />

faz? com toda certeza, visto que ele nada faz para aliviar-te, é um<br />

sinal seguro <strong>de</strong> que ele quer <strong>de</strong>struir-te e reduzir-te a nada; ele não<br />

só faz pouco <strong>de</strong> teus suspiros e gemidos, senão que, quanto mais<br />

ele te vê prostrado e <strong>de</strong>samparado, mais te persegue com o maior<br />

rigor e com a mais intensa ferocida<strong>de</strong> – para obstar a entrada <strong>de</strong><br />

tais maus pensamentos e conjeturas, ele se <strong>de</strong>fendia com esta consi<strong>de</strong>ração,<br />

como se fosse um escudo: ele afligido pelo justo juízo<br />

<strong>de</strong> Deus. Ele aqui atribui a seus próprios pecados como sendo a<br />

causa do peso da ira divina que sentia; e, como <strong>de</strong>scobriremos no<br />

próximo versículo, ele uma vez mais reconhece que, o que ele agora<br />

sofre é provindo <strong>de</strong> sua própria insensatez. Portanto, embora ao <strong>de</strong>plorar<br />

suas próprias misérias ele po<strong>de</strong>ria parecer, até certo ponto,<br />

estar a discutir com Deus, contudo ainda nutre a humil<strong>de</strong> convicção<br />

(porquanto Deus não aflige além da medida) <strong>de</strong> que não lhe resta<br />

nada mais senão implorar a divina compaixão e perdão; enquanto<br />

os ímpios, ainda que convencidos por sua própria consciência <strong>de</strong><br />

que são culpados, murmuram contra Deus, à semelhante <strong>de</strong> bestas<br />

selvagens, as quais, em seu rugir, mor<strong>de</strong>m as correntes com que<br />

são presas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!