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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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238 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

8. Um malfeito <strong>de</strong> Belial o atinja <strong>de</strong> vez. Deste versículo<br />

transparece que assim foi sua conspiração para que fosse ele <strong>de</strong>struído,<br />

com base no fato <strong>de</strong> que o consi<strong>de</strong>ravam um homem perverso e uma<br />

pessoa merecedora <strong>de</strong> mil mortes. A insolência e arrogância que <strong>de</strong>monstravam<br />

em relação a ele procediam do falso e ímpio juízo que<br />

haviam formado a seu respeito, e do qual ele fez menção no início do<br />

Salmo. Portanto, dizem que um malfeito <strong>de</strong> Belial mantinha-o calado<br />

e, por assim dizer, atado. Isso é o que o verbo ‏,יצוק yatsuk, propriamente<br />

significa. Ao traduzir o versículo, porém, segui a tradução que<br />

é mais comumente aceita, lendo se apega a ele etc. Esta expressão é<br />

por outros traduzida assim: espalha nele; esta interpretação, porém,<br />

parece-me um tanto forçada. Quanto ao termo Belial, já falamos <strong>de</strong>le<br />

no Salmo 18. Mas, como os gramáticos argumentam que ele se compõe<br />

<strong>de</strong> ‏,בלי beli, e ‏,יעל yaäl, o que significa não subir, a expressão, coisa<br />

<strong>de</strong> Belial (pois é assim que se acha literalmente no hebraico), entendo<br />

significar, neste lugar, um crime extraordinário e hediondo, o qual,<br />

como comumente dizemos, jamais po<strong>de</strong>rá ser expiado, e do qual não<br />

há possibilida<strong>de</strong> alguma <strong>de</strong> escape; a menos, talvez, alguém prefira<br />

referir-se à aflição propriamente dita sob a qual ele labutava, como<br />

se seus inimigos houvessem dito que ele fora assenhoreado por alguma<br />

doença incurável. 9 Mas, seja o que for no tocante a este aspecto,<br />

9 Parece haver certa dificulda<strong>de</strong> quanto ao que está embutido nas palavras ‏,לעיעל <strong>de</strong>bar beliyaäl.<br />

Literalmente, significam uma palavra <strong>de</strong> Belial. Mas palavra, no hebraico, às vezes é usada<br />

para uma coisa ou um assunto (Êx 18.16; Dt 17.4; 1Rs 14.13). E Belial é usado pelos hebreus para<br />

<strong>de</strong>signar alguma perversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>testável. E assim as palavras originais produzem o significado<br />

que Calvino <strong>de</strong>termina para elas. E no mesmo sentido são entendidas por vários críticos. O Dr.<br />

Ged<strong>de</strong>s traduz: “um feito ilícito”; e explica a expressão como uma referência a “o pecado <strong>de</strong> Davi<br />

no caso <strong>de</strong> Urias; o qual seus inimigos agora assinalam como a causa <strong>de</strong> sua presente calamida<strong>de</strong>;<br />

como se quisessem dizer: ‘Este pecado finalmente o apanhou’ etc.” Horsley traduz: Alguma coisa<br />

maldita o comprimia esmagadoramente”; e por “alguma coisa maldita” ele enten<strong>de</strong> “o crime que<br />

supostamente era a causa do juízo divino sobre ele”. Fry traduz: “Algum crime diabólico se lhe<br />

aferrava.” Cresswell adota a interpretação <strong>de</strong> M. Flaminius: “Dizem: Algum peso <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong> o<br />

comprime (ou lhe a<strong>de</strong>re), <strong>de</strong> modo que da posição em que se acha não mais po<strong>de</strong>rá levantar-se.”<br />

Mas há outro sentido que as palavras comportarão. A Septuaginta traduz: “λόγος παράνομος”; a<br />

Vulgata: “uma palavra ímpia”; A Caldaica: “uma palavra perversa”; a Siríaca: “uma palavra iníqua”;<br />

e a Arábica: “palavras contrárias à lei”; e assim a expressão po<strong>de</strong> significar uma grave difamação<br />

ou calúnia. Este é o sentido que Hammond a enten<strong>de</strong>. Diz ele: “E isto diz-se a<strong>de</strong>rir a ele <strong>de</strong> vez; sen-

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