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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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460 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

em Davi, que aqui é representado como que lutando com temores por<br />

<strong>de</strong>ntro, bem como com as complicações das calamida<strong>de</strong>s externas, e<br />

a sustentar doloroso conflito <strong>de</strong> espírito em sua súplica ante o trono<br />

<strong>de</strong> Deus. A expressão, terrores <strong>de</strong> morte, mostra que estava às próprias<br />

vésperas <strong>de</strong> sucumbir, a não ser que a divina graça se interpusesse.<br />

6. Então eu disse: Quem me dará asas como <strong>de</strong> pomba? 8 Estas<br />

palavras significam mais do que meramente houvera dito que<br />

não podia encontrar forma alguma <strong>de</strong> escape. Foram usadas para<br />

expressarem o estado <strong>de</strong>plorável <strong>de</strong> sua situação, o qual fez do exílio<br />

uma bênção a ser cobiçada, e este não era o comum exílio do<br />

gênero humano, mas tal como o da pomba quando voa para bem<br />

distante, buscando um escon<strong>de</strong>rijo bastante <strong>de</strong>serto. Implicam que<br />

só um milagre lhe propiciaria escape. Notificam que mesmo o privilégio<br />

<strong>de</strong> retirada por comum banimento lhe fora negado, <strong>de</strong> modo<br />

que com ele suce<strong>de</strong>u pior que com a pobre ave do céu, a qual pelo<br />

menos po<strong>de</strong> fugir à sanha <strong>de</strong> seus predadores. Há quem pense que<br />

a pomba foi escolhida em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua rapi<strong>de</strong>z. Os ju<strong>de</strong>us sustentavam<br />

a ridícula idéia <strong>de</strong> que o hebraico traz asa no singular<br />

8 Esta mui bela imagem, que se <strong>de</strong>riva do vôo da pomba, prossegue nos dois versículos seguintes.<br />

A vida in<strong>de</strong>fesa da pomba, o perigo a que ela se expõe como ave-presa, a surpreen<strong>de</strong>nte rapi<strong>de</strong>z<br />

com que, quando perseguida por uma ave <strong>de</strong> rapina, ela foge para os <strong>de</strong>sertos e rochas para<br />

escon<strong>de</strong>r-se, usando sua máxima velocida<strong>de</strong> para assim escapar <strong>de</strong> seu mortífero predador. Todas<br />

essas características <strong>de</strong>sta ave foram visualizadas pelo salmista na presente ocasião. Encontramos<br />

uma alusão a elas em Jeremias 48.28: “Ó vós, que habitais em Moabe, abandonai as cida<strong>de</strong>s<br />

e habitai nas rochas, e sereis como a pomba que faz seu ninho nos lados da boca da caverna.” Os<br />

poetas da Grécia e Roma fazem freqüentes alusões à rápida fuga da pomba: –<br />

“Portanto, quando o falcão plana as alturas,<br />

Para a caverna voa a graciosa pomba,<br />

Não fadada ainda a morrer.” – Pope’s Homer.<br />

Sófocles, numa passagem um pouco semelhante a esta do salmista, diz: “Oh! com o veloz vôo <strong>de</strong><br />

uma pomba eu po<strong>de</strong>ria penetrar as nuvens etérias!” – (Edip. Colon. 1136). “Kimshi dá como a razão<br />

para o salmista preferir a pomba a quaisquer outras aves, o fato <strong>de</strong> que, enquanto se cansam em<br />

seu vôo e pousa sobre uma rocha ou uma árvore para recuperar suas energias, e são agarradas; a<br />

pomba, quando se fatiga, <strong>de</strong>scansa alternadamente uma asa e voa com a outra, e por esse meio ela<br />

escapa dos espertos perseguidores.” – (Paxton’s Illustrations of Scripture, vol. ii. p. 292). É digno <strong>de</strong><br />

observação, e serve para intensificar o efeito da comparação do salmista, que ‏,יונה yonah, o nome<br />

hebraico da pomba, <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong> ‏,ינה yanah, ele tem oprimido pela força ou pela frau<strong>de</strong>, e parece<br />

ter-se-lhe aplicado ante a circunstância <strong>de</strong> ser ela particularmente in<strong>de</strong>fesa e sempre exposta à<br />

rapina e à violência. – Buxtorf’s Lexicon.

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