31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

252 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

4. Quando me lembro <strong>de</strong>stas coisas. Este versículo é um tanto obscuro,<br />

em <strong>de</strong>corrência da variação dos tempos no hebraico. Não obstante,<br />

não tenho dúvida <strong>de</strong> que o verda<strong>de</strong>iro e natural sentido consiste em que<br />

Davi, ao lembrar-se <strong>de</strong> sua anterior condição, experimentou uma tristeza<br />

muito mais profunda, ao compará-la com sua presente condição.<br />

A recordação, digo eu, do passado não exercia pequena influência no<br />

agravamento <strong>de</strong> sua miséria, ante o pensamento <strong>de</strong> que ele, que anteriormente<br />

exercera a parte <strong>de</strong> um lí<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> porta-estandarte em conduzir<br />

outros às santas assembléias, agora seria barrado <strong>de</strong> entrar no santuário.<br />

Sabemos que aqueles que se acostumaram a sofrer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua infância se<br />

tornam insensíveis a este sofrimento, e a própria continuação da miséria<br />

produz em nós um certo grau <strong>de</strong> calosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo que cessamos<br />

<strong>de</strong> pensar nela ou <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-la como algo inusitado. É diferente com<br />

aqueles que não se acostumaram a ela. E portanto não é <strong>de</strong> admirar se<br />

Davi, que não era <strong>de</strong>ntre a plebe, senão que ultimamente ocupara um<br />

lugar <strong>de</strong> supremacia entre os príncipes, e que fora lí<strong>de</strong>r e cabeça <strong>de</strong> ponte<br />

entre os fiéis, se sentisse ainda mais dolorosamente inquieto, ao ver-se<br />

completamente alijado e não admitido a uma posição mesmo entre os<br />

mais humil<strong>de</strong>s. Por conseguinte, conecto o pronome <strong>de</strong>monstrativo,<br />

<strong>de</strong>stas, com a <strong>de</strong>claração que se segue, ou seja, que recordava <strong>de</strong> como<br />

ele costumava misturar-se com a multidão dos santos e guiá-los à casa<br />

<strong>de</strong> Deus. Derramar a alma é consi<strong>de</strong>rado metaforicamente, por alguns,<br />

em lugar <strong>de</strong> dar vazão à sua tristeza; outros são <strong>de</strong> opinião que significa<br />

alegrar-se profundamente, ou, como costumamos dizer, <strong>de</strong>rretido ou dissolvido<br />

em alegria. A mim parece que Davi quer antes dizer que suas afeições<br />

estavam, por assim dizer, <strong>de</strong>rretidas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si, quer <strong>de</strong> alegria, quer <strong>de</strong><br />

tristeza. Visto que a alma humana é que sustenta a pessoa, enquanto conserva<br />

suas energias coletadas, assim também ela é posta a pique em seu<br />

interior e, por assim dizer, se <strong>de</strong>svanece quando algo <strong>de</strong> suas emoções,<br />

por excessiva indulgência, ganha ascendência. 7 Conseqüentemente, ele<br />

7 “Car ainsi que l’ame <strong>de</strong> l’homme le soustient tandis qu’elle conserve sa vigueur et la tient<br />

comme amasse, aussi elle se fond, et par maniere <strong>de</strong> dire, s’esvanouit quand quelque affection<br />

<strong>de</strong>smessuree vient à y dominer.” – v.f.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!