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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 56 • 485<br />

no livro <strong>de</strong> Deus. É possível, aliás, enten<strong>de</strong>r a interrogação como uma oração;<br />

mas pareceria antes insinuar, com esta forma <strong>de</strong> expressão, que não<br />

tinha qualquer necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> multiplicar palavras, e que Deus já antecipara<br />

seu <strong>de</strong>sejo. É necessário, não obstante, consi<strong>de</strong>rar as palavras do<br />

versículo mais especificamente. Ele fala <strong>de</strong> sua peregrinação como havendo<br />

ela sido notada por Deus, e isso para que pu<strong>de</strong>sse chamar a atenção<br />

para um aspecto notável <strong>de</strong> sua história, ou seja, <strong>de</strong> haver sido forçado<br />

a perambular a esmo em exílio solitário e por um período por <strong>de</strong>mais<br />

longo. A referência não é a uma peregrinação qualquer; o singular é usado<br />

em lugar do plural, ou, melhor, ele <strong>de</strong>ve ser entendido como a <strong>de</strong>clarar<br />

enfaticamente que durante toda sua vida não fizera outra coisa senão peregrinar.<br />

Isto ele sublinha como um argumento à guisa <strong>de</strong> comiseração,<br />

gastos como tinham sido seus anos em ansieda<strong>de</strong>s e perigos, em peregrinação<br />

em extremo perplexiva. Conseqüentemente, ele ora para que Deus<br />

pusesse suas lágrimas em seu odre. 10 Era costume preservar o vinho e o<br />

10 Há quem pense que há aqui uma alusão a um costume antigo <strong>de</strong> <strong>de</strong>positar as lágrimas dos<br />

prantos em urnas lacrimais ou garrafas. Nos túmulos romanos se encontram em pequenos frascos<br />

ou garrafas <strong>de</strong> vidro ou cerâmica, comumente chamadas ampullae, ou urnae lachrymales, as quais,<br />

segundo se supunha, continham lágrimas <strong>de</strong>rramadas pelos pais e amigos sobreviventes, e que eram<br />

<strong>de</strong>positadas nos sepulcros dos falecidos como memoriais <strong>de</strong> afetos e tristeza. Se nesta passagem há<br />

uma referência a tal costume, o mesmo <strong>de</strong>ve ter existido num período bem antigo entre os hebreus.<br />

Contudo é duvidoso se aqui exista tal alusão. Não passa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna conjetura que tais garrafas ‘encontradas<br />

nos túmulos romanos’ tenham sido <strong>de</strong>positadas ali com tal propósito, e não há qualquer<br />

traço <strong>de</strong> tal costume nos antigos escritos ou sepulcros. Alguns pensam que se <strong>de</strong>stinavam a conter<br />

perfumes usados na aspersão da pira funerária. Em alguns <strong>de</strong>les há a representação <strong>de</strong> um ou dois<br />

olhos, e isto parece favorecer o primeiro ponto <strong>de</strong> vista.” – Illustrated Commentary on the Bible. Observemos,<br />

também, que a palavra ‏,מאד nod, aqui traduzida por garrafa, significa uma sorte <strong>de</strong> garrafa que<br />

não qualquer semelhança com as urnas romanas. Era feita <strong>de</strong> pele <strong>de</strong> cabrito ou cabritinho e usada<br />

pelos hebreus para guardar seu vinho, seu leite e seu azeite. Comparem-se 1 Samuel 16.20; Josué 9.13;<br />

Juízes 4.19; Mateus 9.17. “Além disso”, observa o bispo Mant, “o <strong>de</strong>positar as lágrimas do salmista por<br />

ele <strong>de</strong>rramadas durante seus sofrimentos pessoais, parece algo bem diferente do oferecer as lágrimas<br />

<strong>de</strong> parentes ou amigos sobreviventes, como memoriais sobre o túmulo <strong>de</strong> uma pessoa falecida.” A expressão:<br />

“Põe minhas lágrimas no teu odre [garrafa]”, po<strong>de</strong> ser vista como simplesmente significando:<br />

Não <strong>de</strong>ixes minhas lágrimas caírem sem serem notadas; que minha angústia e as lágrimas que têm<br />

jorrado <strong>de</strong> mim estejam sempre diante <strong>de</strong> ti, que excitem tua compaixão e que pleiteiem junto a ti para<br />

que me concedas teu lenitivo. Como as melhores coisas, tais como vinho e leite, eram <strong>de</strong>positadas nas<br />

garrafas ou odres, o salmista po<strong>de</strong>ria também ser entendido como a orar para que suas lágrimas não<br />

só fossem notadas por Deus, mas apreciadas por ele. O ‏,נאד nod, era <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> e usado<br />

tanto para manteiga quanto para vinho. Po<strong>de</strong>ria, portanto, conter uma referência à enorme quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> lágrimas que a aflição <strong>de</strong> Davi produzia. – Harmer’s Observations, vol. ii. pp. 121, 122.

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