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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 52 • 439<br />

insinua que estava naquele tempo sujeito a tribulações próprias <strong>de</strong> seu<br />

presente estado, enviadas para instruí-lo no <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>positar absoluta<br />

confiança em Deus. A porção da história a que o salmista se refere é bem<br />

notória. Quando Davi fugiu para Abimeleque, em Nobe, ele conseguiu<br />

das mãos daquele sacerdote provisões e a espada <strong>de</strong> Golias, havendo<br />

ocultado <strong>de</strong>le o real perigo em que ora se achava, e pretextou que estava<br />

executando um secreto e importante negócio para o rei. Doegue, o principal<br />

dos pastores do rei, havendo comunicado o conhecimento disto a<br />

Saul, na esperança <strong>de</strong> uma recompensa, se fez o instrumento para atrair a<br />

fúria do tirano, não só sobre aquele inocente indivíduo, mas contra todo<br />

o sacerdócio. 1 O sangrento exemplo que temos aqui tem impedido o povo<br />

<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r a Davi mesmo os mais comuns ofícios <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>, e toda<br />

avenida <strong>de</strong> confiança parecia fechada a um miserável exilado. Ao triunfar<br />

Doegue no sucesso <strong>de</strong> seu crime, e outros po<strong>de</strong>riam ser tentados pela<br />

recompensa que ele recebera a meditar na ruína <strong>de</strong> Davi, o encontramos<br />

neste Salmo a animar sua alma com divinas consolações, e a <strong>de</strong>safiar seus<br />

inimigos com a audácia da conduta <strong>de</strong>les.<br />

[vv. 1-4]<br />

Por que te vanglorias em tua perversida<strong>de</strong>, ó homem po<strong>de</strong>roso? A bonda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus dura continuamente. Tua língua ur<strong>de</strong> malefícios, como uma navalha<br />

bem afiada, agindo fraudulentamente. Tu amas mais o mal do que o<br />

bem, dizer mentiras mais do que justiça. Selah. Tu amas todas as palavras<br />

<strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>, ó língua maliciosa!<br />

1 A história <strong>de</strong>ssa transação se acha registrada em 1 Samuel 21.1-7 e 22.9-19. Ela fornece uma forte<br />

evidência do ódio que Saul nutria por Davi e <strong>de</strong> sua selvagem cruelda<strong>de</strong> em or<strong>de</strong>nar a execução <strong>de</strong><br />

oitenta e cinco sacerdotes por nenhum crime por eles praticado; e que monstro <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong> Doegue<br />

havia sido, o qual executou sua or<strong>de</strong>m, quando nem um outro indivíduo em todo o regimento <strong>de</strong> Saul<br />

o quis fazer, e que, além <strong>de</strong> fazer isso, “passou a cida<strong>de</strong> dos sacerdotes ao fio da espada, homens,<br />

mulheres, crianças e lactentes, bois, jumentos e ovelhas.” “Se porventura nos sentirmos confusos”, diz<br />

Walford, “ante a selvagem ferocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um príncipe que podia or<strong>de</strong>nar a execução <strong>de</strong> oitenta e cinco<br />

pessoas da mais venerável condição, por um crime que só existia em sua perturbada imaginação,<br />

estaremos dispostos a execrar o implacável vilão que pô<strong>de</strong> embeber suas mãos no sangue <strong>de</strong> tantas<br />

vítimas inocentes; e estaremos prontos a chegar à conclusão <strong>de</strong> que tanto Saul quanto Doegue foram<br />

inspirados a este feito <strong>de</strong> atroz cruelda<strong>de</strong>, não meramente por seu ódio a Davi, mas por uma malevolência,<br />

quase sem paralelo, contra os ministros da religião, o que trouxe a lume seu <strong>de</strong>sdém e seu<br />

ódio por Deus mesmo. Po<strong>de</strong>ria causar pouca surpresa encontrar Davi dizendo, como o faz no próximo<br />

Salmo: ‘Diz o louco em seu coração: Não há Deus’.”

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