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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 60 • 531<br />

ele <strong>de</strong>screve as confusões que reinavam, fazendo uso <strong>de</strong> metáfora, representando<br />

o país como aberto ou fendido; não que houvesse ocorrido um<br />

terremoto literal, senão que o reino, em sua condição dilacerada e dispersa,<br />

apresentava aquele aspecto calamitoso que geralmente se segue a um<br />

terremoto. As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saul cessaram <strong>de</strong> prosperar-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo<br />

quando se esqueceu <strong>de</strong> Deus; e quando por fim ele pereceu, <strong>de</strong>ixou a<br />

nação num estado à beira da ruína. A mais profunda apreensão teria sido<br />

sentida por toda parte; a nação se tornou alvo <strong>de</strong> escárnio por parte <strong>de</strong><br />

seus inimigos, e estava até mesmo disposta a baixar o pescoço a qualquer<br />

jugo, por mais <strong>de</strong>gradante fosse ele, contanto que lhe prometesse condições<br />

toleráveis. Tal é a maneira na qual Davi notifica que o divino favor se<br />

alienara <strong>de</strong> Saul, realçando, ao dizer que Deus estava agastado, a radical<br />

fonte <strong>de</strong> todos os males que prevalecia; e ora para que o mesmo médico<br />

que havia ferido também curasse.<br />

3. Tu tens mostrado a teu povo coisas difíceis. Em primeiro<br />

lugar ele diz que a nação tinha sido tratada com severida<strong>de</strong>, e então<br />

adiciona uma figura que po<strong>de</strong> adicionalmente representar a gravida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> suas calamida<strong>de</strong>s, falando <strong>de</strong>la como que tendo bebido<br />

o vinho <strong>de</strong> estupor ou espanto. Mesmos os intérpretes hebraístas<br />

não estão concor<strong>de</strong>s quanto ao significado <strong>de</strong> ‏,תרעלה tarelah, o que<br />

traduzi por espanto. Muitos <strong>de</strong>les o traduzem por veneno. Mas é<br />

evi<strong>de</strong>nte que a alusão do salmista é a alguma sorte <strong>de</strong> bebida envenenada,<br />

a qual priva a pessoa <strong>de</strong> seus sentidos, insinuando que<br />

os ju<strong>de</strong>us jaziam estupefatos ante suas calamida<strong>de</strong>s. 7 Em suma, ele<br />

7 Era costume entre os hebreus fazer seu vinho mais forte e mais inebriante adicionando ingredientes<br />

mais excitantes e mais po<strong>de</strong>rosos, tais como mel, condimentos, <strong>de</strong> frutum (isto é, vinho engrossado<br />

mediante fervura até atingir dois terços ou a meta<strong>de</strong>), mandrágoras, narcóticos e outras drogas. Tais<br />

eram os neutralizantes engredientes, que a celebrada Helena é representada na Odisséia <strong>de</strong> Homero<br />

como misturando no intestino, juntamente com o vinho para seus convivas oprimidos pela tristeza<br />

elevar o ânimo; e tal é provavelmente o vinho a que ele faz alusão aqui. O povo estava aturdido pelos<br />

pesados juízos <strong>de</strong> Deus, como pessoas aturdidas pelo vinho que foi feito mais intoxicante pelas drogas<br />

<strong>de</strong>letérias com que foi misturado. Esta linguagem altamente poética não é raramente empregada para<br />

‏,תרעלה original, expressar os juízos divinos; como em Isaías 51.17, 20-22 e Jeremias 25.15, 16. A palavra<br />

tarelah, significa propriamente tremer, do verbo ‏,רעל raäl, da qual o verbo cambalear provavelmente se<br />

<strong>de</strong>riva. Po<strong>de</strong>mos, pois, ler: “o vinho do tremor”.

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