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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 39 • 189<br />

mesmo. Ele agia assim em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser consciente <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><br />

pessoal, e também conhecia muito bem os múltiplos inventos <strong>de</strong><br />

Satanás. Ele, pois, olhava para a direita e para a esquerda, e vigiava<br />

<strong>de</strong> todos os lados para que a tentação não o apanhasse <strong>de</strong>sprevenido<br />

e encontrasse uma fresta pela qual pu<strong>de</strong>sse atingir até seu<br />

coração. O acesso a ele, pois, teria sido impossível, já que se acha<br />

fechado <strong>de</strong> todos os lados, se a extrema gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua tristeza<br />

não o oprimisse e não quebrasse sua resolução.<br />

Ao dizer: Guardarei minha boca com mordaça, 2 a fim <strong>de</strong> não<br />

pecar com minha língua, o salmista não <strong>de</strong>ve ser entendido como se<br />

restringisse e ocultasse sua tristeza só com muita dificulda<strong>de</strong> (pois não<br />

passa <strong>de</strong> mera pretensão querer alguém mostrar, através do semblante<br />

e da expressão verbal, aparência <strong>de</strong> mansidão, quando o coração se<br />

acha intumescido pela soberba); mas como não há nada mais enganoso<br />

e <strong>de</strong>vasso do que a língua, Davi <strong>de</strong>clara haver se empenhado com<br />

a máxima prudência para refrear suas aflições, para que nem sequer<br />

uma palavra escapasse <strong>de</strong> seus lábios que <strong>de</strong>nunciasse nele a mínima<br />

impaciência. E que o homem <strong>de</strong>ve realmente revestir-se daquela<br />

singular resistência que o leve sincera e <strong>de</strong>liberadamente refrear sua<br />

língua, a qual é <strong>de</strong>masiadamente propensa a conduzir ao erro. Quanto<br />

ao que se segue, enquanto os ímpios estiverem diante <strong>de</strong> mim, é<br />

geralmente entendido como se Davi houvesse ocultado sua tristeza<br />

a fim <strong>de</strong> não dar ocasião a blasfêmia por parte dos ímpios, os quais,<br />

assim que vêem os filhos <strong>de</strong> Deus caírem sob o peso <strong>de</strong> suas aflições,<br />

insolentemente prorrompem em motejos contra eles, o que equivale<br />

dirigir <strong>de</strong>sdém contra Deus mesmo. A mim, contudo, parece-me que<br />

pelo termo, estiverem, Davi preten<strong>de</strong> expressar algo mais – que mesmo<br />

quando visse os ímpios ditando regras, exercendo autorida<strong>de</strong> e exal-<br />

2 A palavra hebraica, ‏,מחסום machsom, traduzida por freio em nossa versão, significa propriamente<br />

uma mordaça, e é assim traduzida em Deuteronômio 25.4. Observa Mant: “Nossas traduções<br />

dizem ‘como com um freio’. Mas não vemos como um freio impediria a pessoa <strong>de</strong> falar; nem<br />

mesmo é uma frase correta, como se dá no caso da mordaça.” É provável que os freios dos antigos<br />

fossem feitos na forma <strong>de</strong> mordaças.

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