Comentário de Salmos - Vol. 2

Salmo 66 • 611
tiça contra seu nome se porventura esquecermos de celebrar nossos
livramentos com solenes reconhecimentos. Do que mais se fala nesta
passagem é de ações de graças. O salmista fala de votos sendo por
ele feitos em sua aflição, e eles evidenciavam a constância de sua fé. A
exortação do apóstolo Tiago [5.13] é digna de nossa especial observação:
“Está alguém entre vós aflito? Então que ore. Está alguém alegre?
Então que cante salmos.” Quantos há que esbanjam seus louvores hipócritas
com Deus com o intuito de granjear sua boa fortuna, enquanto
que logo seu fervor é reduzido a total desânimo ou se entregam à violência
proveniente do mau humor e impaciência. A melhor evidência
da genuína piedade é quando anelamos por Deus sob a pressão de
nossas aflições, e mostramos, mediante nossas orações, uma santa
perseverança na fé e na paciência; enquanto a seguir damos vazão à
nossa gratidão. As palavras, os quais meus lábios pronunciaram, não
são uma adição sem sentido, mas implica que ele jamais permitira ser
dominado de tal forma pela tristeza que não pudesse apresentar seus
desejos na expressa forma de petição, declarando que buscara segurança
nas mãos divinas. Sobre a questão de votos, posso apenas bem
resumidamente observar o que já foi apresentado em maior extensão
noutra parte. Primeiro, os santos pais jamais votaram algo a Deus
senão o que sabiam estar sancionado pela aprovação divina. Segundo,
seu único objetivo em fazer votos era evidenciar sua gratidão. Os
papistas, pois, não encontrarão endosso no exemplo dos pais para os
temerários e ímpios votos que praticam. Impõem a Deus tudo quanto
por acaso vem a seus lábios; o fim que propõem a si próprios é o mais
remoto de todos; e com satânica presunção se comprometem em coisas
que não lhes são permitidas.
15. Oferecer-te-ei holocaustos gordurosos. Devemos presumir que
quem fala é ou Davi ou um dos homens mais considerados da nação, pois
ninguém, em circunstâncias mais humildes, teria oferecido ricos sacrifícios
desse gênero. É bem provável que Davi fosse o autor do Salmo, e
aqui ele expressa sua intenção para mostrar principesca liberalidade em
suas ofertas. A razão pela qual Deus ordenara que se oferecessem vítimas