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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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420 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

santida<strong>de</strong> e retidão. Avança ainda mais e assevera que, a fim <strong>de</strong> granjear<br />

a aprovação <strong>de</strong> Deus, não basta que nossas vidas se conformem<br />

à letra <strong>de</strong> sua lei, a menos que nosso coração esteja limpo e purificado<br />

<strong>de</strong> toda mácula. Ele nos diz que Deus requer a verda<strong>de</strong> em nosso<br />

íntimo, 7 notificando-nos que os pecados grosseiros, tanto secretos<br />

quanto manifestos, excitam o <strong>de</strong>sprazer divino. Na segunda cláusula<br />

do versículo, ele agrava sua ofensa, confessando que po<strong>de</strong>ria<br />

alegar o pretexto <strong>de</strong> ignorância. Ele fora suficientemente instruído<br />

por Deus em seu <strong>de</strong>ver. Há quem interprete ‏,בסתום besathum, como<br />

se ele aqui <strong>de</strong>clarasse que Deus lhe houvera <strong>de</strong>scoberto mistérios<br />

secretos ou coisas ocultas da compreensão humana. Parece antes<br />

ter em mente aquela sabedoria que sua mente <strong>de</strong>scobrira <strong>de</strong> uma<br />

forma secreta e íntima. 8 Um membro do versículo correspon<strong>de</strong> ao<br />

outro. Ele reconhece que não <strong>de</strong>sfrutava <strong>de</strong> uma mera familiarida<strong>de</strong><br />

superficial com a verda<strong>de</strong> divina, e, sim, que ela estava intimamente<br />

arraigada nos recônditos <strong>de</strong> seu coração. Tal coisa tornava sua<br />

ofensa ainda mais inescusável. Embora fosse tão sublimemente privilegiado<br />

com o conhecimento salvífico da verda<strong>de</strong>, mesmo assim<br />

se lançara à prática <strong>de</strong> tão brutal pecado, e que mediante vários<br />

atos <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong> quase arruinara sua alma.<br />

7 A palavra ‏,טחות tuchoth, que se traduz partes íntimas, e que se <strong>de</strong>riva do verbo ‏,טוח tuach, prapagar,<br />

significa os rins, que são assim chamados em razão <strong>de</strong> serem cobertos com gordura. Uma<br />

vez mais é ela usada na Escritura, Jó 38.36, on<strong>de</strong>, como aqui, nossas Bíblias costuma traduzir partes<br />

íntimas (ou apenas íntimo), algo por <strong>de</strong>mais geral. A Caldaica a expressa mais particularmente<br />

por rins, e estes, no estilo bíblic, são freqüentemente tomados como sendo a se<strong>de</strong> dos afetos, a<br />

pureza daí advinda sendo mais contrária à natural corrupção ou poluição congênita expressa no<br />

versículo prece<strong>de</strong>nte. A palavra ‏,אמת emeth, verda<strong>de</strong>, ordinariamente significa sincerida<strong>de</strong>, retidão,<br />

integrida<strong>de</strong>; e assim, verda<strong>de</strong> nos rins equivale a uma obediência intimamente sincera, não<br />

só das ações, mas também dos próprios pensamentos e afetos para com Deus; e assim, em coisas<br />

<strong>de</strong>ssa natureza, em quê este Salmo principalmente se preocupa, <strong>de</strong>nota a pureza do coração, o<br />

não admitir qualquer <strong>de</strong>sejo ou pensamento impuro, o mínimo grau <strong>de</strong> indulgência a alguma concupiscência.<br />

E isto se diz Deus querer ou <strong>de</strong>sejar ou <strong>de</strong>leitar-se em, e portanto <strong>de</strong>manda e requer<br />

<strong>de</strong> nós.” – Hammond.<br />

8 A palavra é explicada na Septuaginta no primeiro <strong>de</strong>stes sentidos: “Τὰ ἄδηλα καὶ τα κρύφια<br />

τὢς σοφίας εδήλοσίς μοι” – “Tu me manifestaste as coisas secretas e ocultas <strong>de</strong> tua sabedoria.”<br />

Visto por este prisma tanto quanto pelo outro, a linguagem expressa a natureza agravada do pecado<br />

<strong>de</strong> Davi. Ele havia pecado, embora Deus lhe houvesse revelado mistérios sublimes e secretos.

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