31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

354 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

ao mesmo tempo se manifeste. Outros apresentam esta explicação, a<br />

qual é um tanto mais refinada: as obras <strong>de</strong> Deus correspon<strong>de</strong>m ao seu<br />

nome; pois no hebraico ele se chama ‏,אל El, 8 <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r, e ele mostra<br />

pelos próprios feitos que este nome não se lhe aplica em vão, mas<br />

que o louvor que se lhe atribui é proce<strong>de</strong>nte e se lhe <strong>de</strong>ve. A primeira<br />

explicação, sendo menos forçada, se aproxima mais das palavras e<br />

intenção do escritor sacro, ou seja, que Deus testifica mediante suas<br />

obras que não era <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> que fosse reconhecido e cultuado pelos<br />

ju<strong>de</strong>us como o verda<strong>de</strong>iro e único Deus. Não obstante, ao consi<strong>de</strong>rar<br />

as palavras que se seguem imediatamente, até aos confins da terra,<br />

concluo que o profeta tencionava algo mais – tencionava mostrar que,<br />

sempre que a fama do nome <strong>de</strong> Deus se expan<strong>de</strong>, os homens <strong>de</strong>scobrem<br />

que ele é digno do mais sublime louvor. As palavras contêm um<br />

tácito contraste. Naquele tempo, os nomes dos ídolos, sabe-se sobejamente,<br />

eram muito populares e exerciam influência no mundo inteiro;<br />

e contudo, por mais fama esses falsos <strong>de</strong>uses houvessem adquirido,<br />

sabemos que o louvor <strong>de</strong> forma alguma lhes pertencia, visto que nenhum<br />

sinal <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>scobrir neles. Aqui, porém, o<br />

profeta, ao contrário, <strong>de</strong>clara: Senhor, em qualquer parte do mundo<br />

que se ouve falar em teu nome, ele será sempre acompanhado <strong>de</strong> sólido<br />

e justo louvor, ou trará sempre consigo motivo <strong>de</strong> louvor, visto que<br />

o mundo inteiro enten<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> que forma tratas a teu povo eleito. O que<br />

se acresce imediatamente tem o mesmo propósito, ou seja, Tua mão<br />

direita está cheia <strong>de</strong> justiça, nos ensinando que Deus, ao socorrer a<br />

seu povo dileto, manifesta sua justiça <strong>de</strong> forma nítida, como se nos esten<strong>de</strong>sse<br />

seu braço para que toquemos sua justiça com nosso próprio<br />

<strong>de</strong>do, e que ele mostra não só um ou dois exemplos <strong>de</strong> sua justiça,<br />

mas em tudo e em toda parte ele exibe ante nossos olhos uma prova<br />

cabal e insofismável <strong>de</strong>la. É preciso ter em mente o que já afirmamos<br />

alhures, ou seja, que a justiça <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>ve ser vista pelo prisma <strong>de</strong> sua<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, a qual ele observa na manutenção e <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu próprio<br />

8 “C’est à dire, Fort.” – n.m.f. “Equivalente a Forte.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!