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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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638 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

17. Os carros <strong>de</strong> Deus são vinte mil milhares <strong>de</strong> anjos. 29 A maioria<br />

<strong>de</strong> nós se dispõe a dar pouco valor à presença divina, e por isso Davi<br />

nos apresenta uma <strong>de</strong>scrição oportuna com o fim <strong>de</strong> exaltá-la em nossa<br />

imaginação. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso coração incrédulo, o mínimo perigo que<br />

ocorre no mundo influi mais em nós do que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus. Trememos<br />

ante a mais leve tribulação; pois olvidamos ou nutrimos conceitos mui pobres<br />

acerca da onipotência divina. Com o fim <strong>de</strong> poupar-nos <strong>de</strong>sse erro,<br />

Davi nos conduz às incontáveis miría<strong>de</strong>s <strong>de</strong> anjos que se encontram sob<br />

o comando divino – circunstância esta cuja pon<strong>de</strong>ração po<strong>de</strong> muito bem<br />

capacitar-nos a <strong>de</strong>safiar os males que nos cercam. Vinte mil são o número<br />

dado; mas é um número que se <strong>de</strong>stina a informar-nos que os exércitos<br />

do Deus vivo, os quais ele comissiona para socorrer-nos, são inumeráveis;<br />

e indubitavelmente isso <strong>de</strong>ve confortar-nos em meio às mortais<br />

aflições <strong>de</strong>sta vida. Ao adicionar que o Senhor está entre eles, o salmista<br />

<strong>de</strong>ve ser ainda entendido como a proporcionar-nos uma exaltada visão<br />

do que se acha incluso na presença <strong>de</strong> Deus; pois as palavras sugerem<br />

29 As palavras /an? ypla, alphey shinan, as quais Calvino traduz “milhares <strong>de</strong> anjos”, são literalmente<br />

“milhares <strong>de</strong> repetições”; sendo o substantivo /an?, shanan, <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> hn?, shanah,<br />

ele repetiu ou reiterou. Por conseguinte, a redação preferida por muitos é: “Os carros <strong>de</strong> Deus são<br />

vinte mil milhares multiplicados ou reiterados.” Hammond, que adota esta tradução, observe que,<br />

“embora os anjos não sejam mencionados, <strong>de</strong>vem ser subentendidos, como em Judas 14, muria,<strong>de</strong>j<br />

a`gi,ai, santas miría<strong>de</strong>s.” Horsley traduz assim: “Vinte mil milhares <strong>de</strong> milhares é a cavalaria <strong>de</strong><br />

Deus.” “A cavalaria <strong>de</strong> Deus”, diz ele, “são todas as coisas na natureza que ele usa como os instrumentos<br />

ou veículos <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r. Não posso admitir a imagem que alguns introduzem aqui <strong>de</strong><br />

Deus <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um carro puxado por anjos; nem creio que se <strong>de</strong>va encontrar a mesma em alguma<br />

passagem da Escritura corretamente compreendida.” Deus, porém, mesmo que não seja representado<br />

aqui <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um carro puxado por anjos, é indubitavelmente, no mais magnificente estilo<br />

da poesia oriental, representado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu carro exaltado, atendido por legiões <strong>de</strong> anjos, também<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus carros. Comp. Deuteronômio 32.3 e 2 Reis 6.16. French e Skinner apresentam<br />

um conceito diferenciado da passagem, o qual realça um sentido muito bom:<br />

“Deus foi a eles (os israelitas) em duas vezes <strong>de</strong>z mil carros,<br />

sim, em milhares <strong>de</strong> milhares.”<br />

Os carros eram muito usados em guerras pelas nações da antigüida<strong>de</strong>; e ao povo eleito foi<br />

proibido o uso <strong>de</strong> carros e cavalos na guerra. Deus, porém, era para eles tão eficiente guardião<br />

quanto teriam sido os inumeráveis carros <strong>de</strong> guerra. Ele era “os carros <strong>de</strong> Israel e seus cavaleiros”<br />

(2Rs 2.12; comp. Sl 20.7). E <strong>de</strong>viam confiar em sua proteção e socorro. “Quando saíres à peleja<br />

contra teus inimigos, e vires cavalos e carros, e povo maior em número do que tu, <strong>de</strong>les não terás<br />

temor; pois o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, está contigo. Pois o Senhor vosso<br />

Deus é o que vai convosco, a pelejar contra vossos inimigos, para salvar-vos” (Dt 20.1, 4).

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