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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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376 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

contemplarão a Cristo, o Sol da Justiça, face a face, e o pleno fulgor da<br />

vida que lhe é inerente. Os <strong>de</strong>mais, que presentemente jazem num estado<br />

<strong>de</strong> toda escuridão, se <strong>de</strong>spertarão <strong>de</strong> sua estupi<strong>de</strong>z e começarão<br />

a <strong>de</strong>scobrir uma nova vida, da qual não tiveram previamente qualquer<br />

discernimento. É mister que nos lembremos <strong>de</strong>ste evento, não só porque<br />

a corrupção que nos compele para baixo e obscurece nossa fé,<br />

mas porque há pessoas que profanamente argumentam contra outra<br />

vida, à luz do contínuo curso <strong>de</strong> coisas no mundo, escarnecendo,<br />

como predisse Pedro [2Pe 3.4] da promessa <strong>de</strong> uma ressurreição, e<br />

apontando, com <strong>de</strong>sprezo, para a invariável regularida<strong>de</strong> da natureza<br />

ao longo das eras. Po<strong>de</strong>mos armar-nos contra seus argumentos, fazendo<br />

uso do que o salmista aqui <strong>de</strong>clara, a saber: mergulhado em<br />

trevas como se acha o mundo, raiará brevemente uma nova manhã,<br />

a qual nos introduzirá numa melhor e eterna existência. Segue-se que<br />

sua força ou sua forma 23 (pois o termo hebraico ‏,צורה tsurah, é suscetível<br />

a ambos os sentidos) envelhecerá. Se lemos força, as palavras<br />

notificam que, embora presentemente estão <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> riqueza e po<strong>de</strong>r,<br />

prontamente <strong>de</strong>clinarão e <strong>de</strong>saparecerão; mas não veja objeção<br />

alguma quanto ao outro sentido, o qual mais comumente se a<strong>de</strong>qua<br />

bem. Paulo nos diz [1Co 7.31] que “a aparência <strong>de</strong>ste mundo passa”,<br />

termo este que expressa a evanescente natureza <strong>de</strong> nossa condição<br />

terrena; e o salmista po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como quem compara sua<br />

glória, fútil e sem substância, a uma sombra. As palavras, no final do<br />

versículo, são obscuras. Há quem leia: A sepultura é sua habitação; e<br />

então fazem ‏,ם mem, o afixo <strong>de</strong> um substantivo. A outra interpretação,<br />

porém, concorda melhor tanto com as palavras quando com o escopo<br />

do Salmo, ou seja, que a sepultura os aguarda <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a habitação <strong>de</strong>la, o<br />

que substitui a habitação <strong>de</strong>les; sendo tal mudança <strong>de</strong> número comum<br />

23 A LXX traz: ‘Η βοήθεια αὐτῶν, seu auxílio, subentendo a palavra ‏,צותם tsuram, como que<br />

<strong>de</strong>rivando-se <strong>de</strong> ‏,צור tsur, uma rocha, e metaforicamente confiança, apoio. Ainsworth traz: “sua forma<br />

(<strong>de</strong>les)”, sua figura, aparência ou imagem, com toda a sua beleza e proporção; ou “sua rocha”,<br />

isto é, sua força. “O termo hebraico tsur”, diz ele, “geralmente é uma rocha; aqui tudo indica ser<br />

tsurah uma forma ou figura; e isso é confirmado pela grafia, pois ainda que pelas vogais e leitura é<br />

tsur, contudo, pelas letras, é tsir, que é uma imagem (Is 45.16).”

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