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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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310 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

<strong>Vol</strong>vamo-nos agora para Cristo. Em primeiro lugar, lembremo-nos<br />

do seguinte: o que aqui é espiritual nos é <strong>de</strong>scrito figuradamente; ainda<br />

quando os profetas, em virtu<strong>de</strong> da obtusida<strong>de</strong> dos homens, estavam sob<br />

a obrigação <strong>de</strong> tomar por empréstimo similitu<strong>de</strong>s das coisas terrenas.<br />

Quando temos em mente este estilo <strong>de</strong> expressão, o qual é muitíssimo<br />

comum nas Escrituras, não pensaremos ser estranho que o escritor sacro<br />

tenha aqui feito menção <strong>de</strong> palácios <strong>de</strong> marfim, ouro, pedras preciosas e<br />

perfumes; pois é por esses meios que ele notifica que o reino <strong>de</strong> Cristo<br />

será reabastecido com rica abundância e suprido com todas as coisas<br />

excelentes. A glória e a excelência do dons espirituais, com os quais Deus<br />

enriquece sua Igreja, são <strong>de</strong>veras <strong>de</strong> nenhum valor entre os homens; mas<br />

à vista <strong>de</strong> Deus, eles são <strong>de</strong> muito mais valor do que todas as riquezas do<br />

mundo. Ao mesmo tempo, não é necessário que apliquemos engenhosamente<br />

a Cristo cada <strong>de</strong>talhe aqui enumerado; 14 como, por exemplo, o que<br />

aqui se diz das muitas esposas que Salomão possuía. Se se <strong>de</strong>ve concluir<br />

disto que po<strong>de</strong>ria haver diversas igrejas, a unida<strong>de</strong> do corpo <strong>de</strong> Cristo<br />

seria rasgada em pedaços. Admito que, visto ser o crente individualmente<br />

chamado “templo <strong>de</strong> Deus” [1Co 3.17 e 6.19], assim também po<strong>de</strong>ria cada<br />

um ser chamado “esposa <strong>de</strong> Cristo”; propriamente falando, porém, só<br />

existe uma única esposa <strong>de</strong> Cristo, a qual consiste da totalida<strong>de</strong> do corpo<br />

dos fiéis. Dela se diz estar sentada ao lado do rei, não que ela exerça algum<br />

domínio peculiar a si própria, mas porque Cristo governa nela; e é nesse<br />

sentido que ela se chama “a mãe <strong>de</strong> todos nós” [Gl 4.26].<br />

Esta passagem contém uma notável profecia em referência à futura<br />

vocação dos gentios, pela qual o Filho <strong>de</strong> Deus firmou uma aliança com<br />

estrangeiros e os que eram seus inimigos. Houve entre Deus e as nações<br />

incircuncisas uma controvérsia moral, um muro <strong>de</strong> separação que os se-<br />

14 Esta certamente é a regra mais importante na interpretação das composições alegóricas da<br />

Escritura. Não se <strong>de</strong>ve imaginar que hajam alegorias distintas entre cada parte <strong>de</strong> uma representação<br />

alegórica e os temas espirituais que se <strong>de</strong>stinam a ilustrar. O intérprete que permite sua<br />

engenhosida<strong>de</strong> comprimir <strong>de</strong> forma muito estreita todos os pontos da alegoria aos temas espirituais<br />

expressos nela, buscando pontos <strong>de</strong> comparação nas partes complementares, as quais são<br />

introduzidas meramente com o propósito <strong>de</strong> imprimir mais animação e bela ao discurso, corre<br />

o risco, mediante suas fantasiosas analogias, <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradar a composição e cair em obscurida<strong>de</strong>s.

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