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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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554 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

Ele tem em vista a malícia obstinada <strong>de</strong> seus inimigos, movendo cada<br />

pedra para sua <strong>de</strong>struição e <strong>de</strong>lineando diariamente novos planos<br />

para alcançarem seus objetivos. A instrução a ser apreendida <strong>de</strong> sua<br />

experiência consiste em que <strong>de</strong>vemos exercer a paciência, mesmo<br />

quando nossos inimigos revelem incansável cruelda<strong>de</strong> em seus intentos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struir-nos, e sejam instigados pelo diabo a incessantemente<br />

criar artifícios para nossa perseguição. Apenas chamamos a atenção<br />

para o significado da figura que se adiciona. Alguns [intérpretes] crêem<br />

que os perversos são comparados a um muro inclinado em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> o mesmo a todo instante ameaçar vir abaixo; e eles [seus inimigos],<br />

em todos os pecados que cometem, ten<strong>de</strong>m mais e mais vir abaixo, até<br />

que sejam precipitados na <strong>de</strong>struição. Mas tudo indica que a alusão<br />

era a algo um pouco diferente. Um muro, quando mal construído, cria<br />

uma protuberância no centro, aparentando ser quase duas vezes sua<br />

altura real; ao formar, porém, uma concavida<strong>de</strong>, logo se transforma<br />

num monte <strong>de</strong> ruínas. Os perversos, <strong>de</strong> igual modo, se dilatam com a<br />

soberba e assumem, em suas maquinações, uma formidável aparência.<br />

Davi, porém, prediz que seriam conduzidos a uma inesperada e<br />

completa <strong>de</strong>struição, como um muro mal construído; e sua falta <strong>de</strong><br />

consistência interior o faz cair com um súbito estrépito, e com seu<br />

peso se quebra em mil pedaços. 6 A palavra ‏,גדר ga<strong>de</strong>r, a qual traduzi<br />

por uma sebe [cerca], significa propriamente uma cerca construída<br />

com materiais leves e <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>; 7 e ainda acrescenta-se mais um<br />

epíteto com o intuito <strong>de</strong> expressar a violência e impetuosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />

6 Isaías também fez uso <strong>de</strong>sta imagem para expressar a súbita e completa <strong>de</strong>struição (30.13).<br />

7 No Oriente é comum os habitantes fecharem suas vinhas e jardins com sebe (cerca viva), consistindo<br />

<strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> arbustos, e particularmente munidos <strong>de</strong> espinhos. E fazem também muros <strong>de</strong><br />

taipa ao redor <strong>de</strong> seus jardins. Rawwolff <strong>de</strong>screve os jardins próximos <strong>de</strong> Jerusalém como que cercados<br />

por muros <strong>de</strong> barro, não acima <strong>de</strong> dois metros <strong>de</strong> altura, são fáceis <strong>de</strong> ser transpostos e em pouco<br />

tempo são lavados pela chuva. Muros <strong>de</strong> pedras são também freqüentemente usados. Por isso Egmont<br />

ou Heyman, <strong>de</strong>screvendo o campo próximo <strong>de</strong> Safete, celebrada cida<strong>de</strong> da Galiléia, nos diz: “O campo<br />

ao redor é excelentemente cultivado, sendo o <strong>de</strong>clive coberto <strong>de</strong> vinhas, protegido por muros baixos.”<br />

– harmer’s observations, vol. ii. pp. 216-219. Doubdan <strong>de</strong>screve alguns <strong>de</strong>sses muros da Terra Santa<br />

como sendo construídos <strong>de</strong> pedras soltas, sem qualquer cimento para rejuntá-las. A palavra original<br />

provavelmente significa “sebe” <strong>de</strong>sse tipo. Aliás, sempre aparece para <strong>de</strong>notar um muro <strong>de</strong> pedras; às<br />

‏.גדר vezes em expressa distinção à cerca viva ou à sebe <strong>de</strong> espinho. Veja-se Parkhurst’s Lexicon, sobre

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