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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 65 • 589<br />

3. Palavras <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong> têm prevalecido contra mim. 4 Ele não<br />

se queixa <strong>de</strong> o povo ser assaltado com calúnia, senão que ele <strong>de</strong>ve ser<br />

compreendido como a confessar que seus pecados foram a causa <strong>de</strong><br />

alguma interrupção que ocorrera na comunicação do favor divino com<br />

os ju<strong>de</strong>us. A passagem é paralela com a <strong>de</strong> Isaías 59.1: “Eis que a mão<br />

do Senhor não está encolhida para que não possa salvar; nem surdo<br />

seu ouvido para não po<strong>de</strong>r ouvir.” Davi o imputa a seus próprios pecados<br />

e aos do povo, ou seja, que Deus, que se dispôs a ser liberal em<br />

seu auxílio, e portanto gracioso e benevolente em acenar-lhes para <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ssem<br />

<strong>de</strong>le, havia por certo tempo lhes virado seu divino rosto.<br />

Primeiro, ele reconhece sua própria culpa pessoal; em seguida, como<br />

Daniel [9.5], ele associa a si toda a nação. E esta verda<strong>de</strong> é introduzida<br />

pelo salmista, não com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoroçoar a confiança em oração,<br />

mas antes para remover um obstáculo posto no curso <strong>de</strong>la, visto que<br />

ninguém po<strong>de</strong> aproximar-se <strong>de</strong> Deus a menos que se convença <strong>de</strong> que<br />

ele ouve o indigno. É provável que o povo do Senhor estivesse, nesse<br />

tempo, sofrendo sob algum emblema do <strong>de</strong>sprazer divino, visto que<br />

Davi parece, aqui, digladiar-se com alguma tentação <strong>de</strong>sse gênero. Ele<br />

evi<strong>de</strong>ntemente sentia que havia um remédio infalível ao seu alcance,<br />

pois não <strong>de</strong>morou para indicar o objeto da culpa, reconhecendo a prerrogativa<br />

divina <strong>de</strong> perdoá-la e expiá-la. O versículo diante <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>ve<br />

ser visto em conexão com o prece<strong>de</strong>nte, no seguinte sentido: embora<br />

4 Em nossa versão inglesa, temos: “Prevalecem as iniqüida<strong>de</strong>s contra mim”; e na margem: “Palavras<br />

ou motivos <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong>” etc. Calvino imprime o mesmo significado que é naturalmente sugerido<br />

por nossa versão inglesa, embora à luz <strong>de</strong> sua tradução o texto hebraico, para palavras <strong>de</strong><br />

iniqüida<strong>de</strong>, à primeira vista po<strong>de</strong>mos supor que o salmista as explicaria como uma referência às<br />

más notícias, às calúnias e difamações, as quais os inimigos <strong>de</strong> Davi propagavam contra ele com o<br />

fim <strong>de</strong> arruinar sua reputação. Dr. Adam Clarke enten<strong>de</strong> as palavras neste sentido, e elabora uma<br />

tradução equivalente à <strong>de</strong> Calvino: “Palavras iníquas têm prevalecido contra mim”, ou: “As palavras<br />

<strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong> são fortes contra mim.” Ele pensa que a redação <strong>de</strong> nossa Bíblia Inglesa “não é<br />

propriamente uma tradução do original”; observando que “este versículo tem sido mal usado para<br />

favorecer a licenciosida<strong>de</strong> antinomiana”; e que “a tradução genuína e correta da primeira cláusula<br />

impedirá tal coisa”. Mas não po<strong>de</strong>mos ver como o versículo, como está em nossa versão, po<strong>de</strong><br />

com justiça ser visto como se inclinando a gerar encorajamento ao pecado, não sendo mais que a<br />

confissão <strong>de</strong> um pecador penitente, acompanhada <strong>de</strong> esperança na misericórdia divina, fundada<br />

na alegre boa-nova anunciada no evangelho <strong>de</strong> que Deus se dispõe a perdoar o mais culpado que<br />

crê em seu Filho e se arrepen<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus pecados.

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