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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 64 • 581<br />

3. Pois eles têm afiado suas línguas como a uma espada. Seus inimigos,<br />

em sua fúria, almejavam nada mais nada menos que sua própria<br />

vida, e contudo o <strong>de</strong> que ele se queixa é, acima <strong>de</strong> tudo, do veneno com<br />

que as palavras <strong>de</strong>les eram besuntadas. É provável que ele esteja a referir-se<br />

às caluniosas notícias que muito bem sabia serem falsamente<br />

divulgadas em seu <strong>de</strong>scrédito, e com vistas a <strong>de</strong>negrir sua reputação<br />

aos olhos do povo. Ele assemelha suas línguas a espadas; suas amargas<br />

e venenosas palavras, a flechas. 2 E ao acrescentar: atiram contra o reto<br />

e inocente, ele <strong>de</strong>ve ser entendido como a contrastar sua integrida<strong>de</strong><br />

com a conduta sem consistência <strong>de</strong> seus inimigos. Inspirava-o a confiança<br />

em suas atitu<strong>de</strong>s religiosas, saber que podia isentar sua própria<br />

consciência <strong>de</strong> culpa, e que era alvo <strong>de</strong> imerecido ataque <strong>de</strong>sferido por<br />

homens indignos e dissolutos. Ao mencionar: atiram secreta e subitamente,<br />

sua referência é à astúcia que os caracterizava. Eram não só<br />

avidamente inclinados à prática <strong>de</strong> malefícios e tencionavam aguardar<br />

sua oportunida<strong>de</strong>, mas também espertos e ligeiros em seus movimentos,<br />

para esmagarem sua vítima antes que viesse a suspeitar do perigo.<br />

Ao ouvirmos Davi, homem em todos os aspectos muito mais santo e<br />

justo em sua conduta do que nós, suportava as infundadas afrontas<br />

contra seu caráter, não temos razão alguma para ficar perplexos ante<br />

2 Eles têm direcionado seu arco com uma palavra amarga. Nestas palavras po<strong>de</strong> haver uma<br />

alusão à prática <strong>de</strong> fixar cartas nas flechas e apontá-las e direcioná-las para on<strong>de</strong> <strong>de</strong>viam cair<br />

e ser apanhá-las. Por isso se diz que os ju<strong>de</strong>us, Sebna e Joabe, enviaram cartas a Senaqueribe,<br />

informando-lhe que todo o Israel estava disposto a fazer as pazes com ele; mas que Ezequias não<br />

o toleraria. Timoxenus e Artabazus enviaram cartas um ao outro por esse processo no cerco <strong>de</strong><br />

Potidaea. Veja-se Gill, in loco. A palavra que se diz ser direcionada como sua flecha é qualificada <strong>de</strong><br />

mar, amarga, e isso provavelmente contenha uma alusão a flechas envenenadas. A paráfrase ‏,מר<br />

caldaica tem “arqueando o arco e untando as flechas”, nitidamente notificando a certeza <strong>de</strong> que<br />

estava implícita tal alusão. Tudo indica que flechas envenenadas, à luz <strong>de</strong> Jó 6.4, eram <strong>de</strong> um uso<br />

muito antigo na Arábia. Eram também usadas por muitas outras nações em diferentes partes do<br />

mundo. Homero diz que Ulisses foi para Efire, cida<strong>de</strong> da Tessália, a fim <strong>de</strong> procurar veneno letal<br />

para untar suas flechas mortalmente pontiagudas (Odisséia, Liv. i. l. 335-345. Virgílio <strong>de</strong>screve um<br />

<strong>de</strong> seus heróis como eminentemente hábil em untar os dardos, e impregnar seu aço com veneno<br />

(Eneida, Liv. ix. l. 771. E Horácio menciona as venenatae sagittae, as flechas envenenadas dos antigos<br />

Moors na África (Lib. i. O<strong>de</strong> 22, l. 3). Por on<strong>de</strong> quer que tal prática tenha prevalecido, o veneno<br />

empregado tem sido da mais letal espécie, sendo o mais leve ferimento seguido <strong>de</strong> morte certa<br />

e instantânea. Isto faz a linguagem aqui notavelmente expressiva. Davi compara as calúnias que<br />

seus inimigos lançavam contra ele a flechas envenenadas.

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