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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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364 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

necessários à edificação da Igreja, se a pessoa não tiver, em primeiro<br />

lugar, aprendido aos pés do Senhor. Para transigir sobre as<br />

palavras, alguns lêem no terceiro versículo: E a meditação <strong>de</strong> meu<br />

coração falará <strong>de</strong> entendimento. Visto, porém, ser uma expressão<br />

tanto abrupta e imprópria dizer que a meditação do coração fala,<br />

adotei a redação mais simples.<br />

4. Inclinarei meu ouvido 8 a uma parábola. O termo hebraico,<br />

mashal, 9 o qual traduzi por parábola, propriamente <strong>de</strong>nota ‏,משל<br />

uma similitu<strong>de</strong>; mas às vezes se aplica a alguns ditos profundos e<br />

importantes, visto que os mesmos geralmente se estabelecem com<br />

figuras e metáforas. O substantivo que se segue, ‏,חידת chidoth, 10 o<br />

8 Bythner e Fry são <strong>de</strong> opinião que “a inclinação do ouvido” é uma metáfora tomada da posição<br />

do menestrel que, ao acomodar suas palavras à melodia, aproxima bem seu ouvido da harpa, para<br />

que possa captar bem os sons. E assim o salmista expressa o sentido que ele captara da importância<br />

<strong>de</strong>ste tema e seu propósito <strong>de</strong> atrair para ele a máxima atenção.<br />

9 Esta palavra é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> em sua significação. Significa primariamente qualquer<br />

similitu<strong>de</strong> pela qual outra coisa é expressa. Daí vem a <strong>de</strong>notar um discurso figurativo, quer na<br />

forma <strong>de</strong> ficção e fábula, tais como enigmas ou apólogos significativos, como o <strong>de</strong> Jotão (Jz 9.7),<br />

ou em que se faz a aplicação <strong>de</strong> algum exemplo ou similitu<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros, ou seja, quando o<br />

preguiçoso é convidado a “ir à formiga” e o pecador impenitente a consi<strong>de</strong>rar a “andorinha e o<br />

grou” que voltam em sua estação certa, e assim se prestam a dar uma lição aos pecadores, para<br />

que se arrependam. E, finalmente, ela pertence a toda doutrina moral, quer obscuramente quer<br />

judiciosamente enunciada; os sábios dos tempos antigos, formando o hábito <strong>de</strong> ministrar suas<br />

lições por meio <strong>de</strong> frases curtas e concisas, às vezes em esquemas e figuras, e às vezes sem eles,<br />

como vemos nos Provérbios <strong>de</strong> Salomão, muitos dos quais são ditos morais claros, sem qualquer<br />

figura ou comparação. Desse gênero é o que aqui se introduz para chamar nossa atenção; é um esquema<br />

moral não muito velado por figuras, nem tão conciso como provérbios usualmente usados,<br />

mas que contêm as mais instrutivas lições sobre a vaida<strong>de</strong> da prosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os ímpios.<br />

Veja-se Hammond in loco.<br />

10 Esta palavra <strong>de</strong>riva-se <strong>de</strong> uma raiz árabe que significa torcer uma coisa, fazer nós etc.; e assim<br />

significa uma intricada espécie <strong>de</strong> composição, um enigma. É usada para um enigma na história <strong>de</strong><br />

Sansão (Jz 14.14, 15); e para questões difíceis, como as formuladas pela rainha <strong>de</strong> Sabá a Salomão<br />

(1Rs 10.1). Veja-se as preleções <strong>de</strong> Lowth sobre a Poesia Sacra, vol. i. p. 78. Conseqüentemente, é<br />

aqui traduzida pela Septuaginta: “Οἵ γηγενεῖς”, “meu problema ou questão difícil, que é formulada<br />

não só no quinto versículo, mas também respondida nos versículos subseqüentes. A palavra,<br />

contudo, também se aplica a composições poéticas do mais elevado e acabado estilo, em que<br />

nada parece enigmático, mas que contém significativa e importante matéria apresentada no estilo<br />

parabólico para assegurar a atenção dos ouvintes ou leitores (Sl 78.2). Veja-se o Léxico <strong>de</strong> Gesenius.<br />

No tema <strong>de</strong>ste Salmo não parece haver qualquer coisa peculiarmente intricada. Ele trata da<br />

vaida<strong>de</strong> das riquezas e da estultícia daqueles que confiam nelas; sua insuficiência para salvar do<br />

po<strong>de</strong>r da morte; e o triunfo final <strong>de</strong> todo o povo sofredor <strong>de</strong> Deus sobre seus ricos e arrogantes<br />

perseguidores. Este é <strong>de</strong>veras um tema obscuro à pessoa <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong> mundana; mas não con-

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