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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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406 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

impiamente profanaram o culto divino, que tão audaciosa e sacrilegamente<br />

motejaram <strong>de</strong> paciência divina e que tão escandalosamente se haviam<br />

entregue a tais crimes! Ao convocá-los ao arrependimento, sem qualquer<br />

dúvida lhes esten<strong>de</strong> a esperança <strong>de</strong> Deus reconciliar-se com eles, que pu<strong>de</strong>ssem<br />

aventurar-se a comparecer na presença <strong>de</strong> sua majesta<strong>de</strong>. É-nos<br />

possível conceber maior clemência que esta, <strong>de</strong> convidar a si e ao seio<br />

da Igreja, tão pérfidos apóstatas e violadores <strong>de</strong> seu santo pacto, quem<br />

havia se apartado da doutrina da pieda<strong>de</strong> na qual havia sido criados?<br />

Tão gran<strong>de</strong> é que fazemos bem em refletir que não é mais do que temos<br />

nós mesmos experimentado. Nós também apostatamos do Senhor, e em<br />

sua singular misericórdia nos tem trazido <strong>de</strong> volta ao seu redil. Não <strong>de</strong>ve<br />

escapar à nossa observação que o salmista insta com eles a que voltem,<br />

quando a porta da misericórdia nem sempre permanecerá aberta para<br />

sua admissão – lição esta tão indispensável a todos nós! Para que não<br />

permitamos que o dia <strong>de</strong> nossa misericordiosa visitação nos apanhe <strong>de</strong>sprevenidos<br />

e nos traga, como se <strong>de</strong>u com Esaú, lamentações [Gn 27.34].<br />

Tanto se acha implícito, quando se diz: Para que não vos <strong>de</strong>spedace e<br />

não haja quem vos livre. 20<br />

23. Aquele que oferece louvor me glorificará. Esta é a terceira vez<br />

que o salmista inculca a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o sacrifício mais aceitável aos<br />

olhos <strong>de</strong> Deus é o louvor, por meio do qual lhe expressamos a gratidão<br />

<strong>de</strong> nossos corações, por todas as suas bênçãos. A repetição não supérflua,<br />

e isso por duas razões. Em primeiro lugar, não há nada com o que<br />

somos mais freqüentemente culpados do que o esquecimento dos benefícios<br />

do Senhor. Raramente um <strong>de</strong>ntre mil atrai nossa atenção; e se<br />

20 A linguagem, aqui, é metafórica. O Onipotente, provocado pela impieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses hipócritas,<br />

se compara a um leão que, com irresistível fúria, se apo<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> sua presa e a dilacera, sem que<br />

alguém possa livrá-la <strong>de</strong> suas garras. Encontramos uma forma muito semelhante <strong>de</strong> expressão em<br />

Oséias 5.14: “Porque para Efraim serei como um leão, e como um leãozinho à casa <strong>de</strong> Judá: eu, eu o<br />

<strong>de</strong>spedaçarei, e irme-me-ei embora; arrebatarei, e não haverá quem livre.” Não <strong>de</strong>vemos, contudo,<br />

supor que a violência e a fúria <strong>de</strong>sse inexorável predador possa ter guarida no seio da Deida<strong>de</strong>.<br />

Tal fraseologia é adotada à guisa <strong>de</strong> acomodação para a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossas concepções e nosso<br />

modo abreviado <strong>de</strong> pensar, visando a impressionar os corações e consciências dos pecadores<br />

com a convicção do tremendo caráter dos juízos divinos, bem como da terrível condição dos que<br />

caem sob sua ira penal.

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