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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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654 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

ra para representar o ímpeto e fúria do inimigo, e provavelmente<br />

sua força, aos quais os israelitas eram totalmente sem páreo para o<br />

combate, exceto pela divina assistência. Não é tão fácil <strong>de</strong>scobrir o<br />

significado da próxima cláusula do versículo: pisando nas peças <strong>de</strong><br />

prata. O verbo hebraico, spr, raphas, significa pisar ou, literalmente<br />

(pois ele aqui está na conjugação hithpael), forçando-os a pisar; e<br />

alguns crêem que a alusão é à arrogância e à vangloriosa soberba<br />

do inimigo. Outros dão um sentido exatamente oposto às palavras,<br />

afirmando que <strong>de</strong>notam submissão, e que o inimigo traria peças<br />

<strong>de</strong> prata como emblema <strong>de</strong> sujeição. 54 Como, porém, po<strong>de</strong>ríamos<br />

supor que Davi estivesse orando pela <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> inimigos que<br />

já estavam subjugados e pagando tributo no caráter <strong>de</strong> suplicantes?<br />

A isso se tem dito, em resposta, que era porque os inimigos<br />

retinham sua animosida<strong>de</strong> com todo o seu vigor em seus próprios<br />

peitos, dispostos a <strong>de</strong>safogar-se em rebelião na primeira oportunida<strong>de</strong>,<br />

mesmo quando privados das armas que não podiam exibir<br />

publicamente, e que isso é especialmente verda<strong>de</strong>iro dos inimigos<br />

da Igreja, cuja antipatia é virulenta, sempre irrompendo-se <strong>de</strong> novo<br />

tão logo se lhes oferecia ocasião. Não vejo, porém, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fazer violência às palavras do salmista, e as tomo em sua plena aceitação<br />

no sentido em que o inimigo, em sua soberba, pisoteava as<br />

peças <strong>de</strong> prata. É possível que a referência seja aos a<strong>de</strong>reços <strong>de</strong><br />

prata em suas sandálias, visto que as nações orientais eram sempre<br />

proverbiais em seu fausto. 55 O que imediatamente se segue <strong>de</strong><br />

54 Na versão interlinear <strong>de</strong> Bagster, a tradução é: “cada um se submeterá com peças <strong>de</strong> prata.”<br />

Wheatland e Silvester têm esta tradução:<br />

“Até que cada um se submeta, então os atos hostis cessarão,<br />

E com o tributo <strong>de</strong> prata <strong>de</strong>vido pela paz.”<br />

55 Várias outras explicações se têm apresentado das palavras [sk-yxrb sprtm, mithrappes<br />

beratsey-kaseph, traduzidas por Calvino, pisando sob a planta <strong>de</strong> seus pés as peças <strong>de</strong> prata, e<br />

as quais têm <strong>de</strong>ixado os críticos em gran<strong>de</strong> perplexida<strong>de</strong>. “Berlin traduz assim as palavras:<br />

‘calcantem frusta argenti’, as quais explica assim: ‘pavimentum argento tessellatum’. De Rossi<br />

explica as palavras assim: ‘Quem se provê <strong>de</strong> lâminas <strong>de</strong> prata sob os cascos <strong>de</strong> seus corcéis.’<br />

Immanuel Ben Solomon, cujo Scholia sobre passagens seletas dos <strong>Salmos</strong> foi publicado por De<br />

Rossi, apresenta a seguinte explicação: ‘Dicit (vates scil.) quod Deus disperdit nationes, quae<br />

volunt malum inferre Israeli, et coetum taurorum, seu reges illustriores, ut reges Assyriae et

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