31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

38 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

2. Em cujo espírito não há dolo. Nesta cláusula o salmista<br />

distingue os crentes tanto dos hipócritas quanto dos insensíveis <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhadores<br />

<strong>de</strong> Deus, os quais não se preocupam com esta felicida<strong>de</strong><br />

nem po<strong>de</strong>m eles alcançar o <strong>de</strong>sfruto <strong>de</strong>la. Os perversos são, aliás,<br />

conscientes <strong>de</strong> sua própria culpa, todavia ainda se <strong>de</strong>leitam em sua<br />

perversida<strong>de</strong>; tornam-se empe<strong>de</strong>rnidos em sua impudência e se riem<br />

das ameaças; ou, pelo menos, se <strong>de</strong>leitam nas enganosas perspectivas<br />

<strong>de</strong> que jamais po<strong>de</strong>rão ser impedidos <strong>de</strong> ter acesso à presença<br />

<strong>de</strong> Deus. Sim, ainda que sejam infelizes pelo senso <strong>de</strong> sua miséria e<br />

acossados com tormentos secretos, todavia com perversa insensibilida<strong>de</strong><br />

reprimem todo temor <strong>de</strong> Deus. Quanto aos hipócritas, se sua<br />

consciência, em algum momento, os fustiga, amenizam sua dor com remédios<br />

ineficazes. De modo que, se Deus, em qualquer tempo, os cita<br />

a comparecerem diante <strong>de</strong> seu tribunal, põem diante <strong>de</strong> si não sei que<br />

espécie <strong>de</strong> fantasmas em sua <strong>de</strong>fesa; e nunca estão sem coberturas<br />

pelas quais afastam a luz <strong>de</strong> seus corações. Ambas estas classes <strong>de</strong> homens<br />

são impedidas, pelo doloso coração, <strong>de</strong> buscar sua felicida<strong>de</strong> no<br />

paternal amor <strong>de</strong> Deus. Não só isso, mas a maioria <strong>de</strong>les se precipitam<br />

na presença <strong>de</strong> Deus, ou se inflam com soberba presunção, sonhando<br />

que são felizes, ainda que Deus seja contra eles. Davi, pois, quer dizer<br />

que ninguém po<strong>de</strong> experimentar o que é o perdão dos pecados sem<br />

que antes seu coração seja purificado <strong>de</strong> toda malícia. A intenção <strong>de</strong><br />

Davi, pois, ao usar o termo malícia ou dolo, po<strong>de</strong> ser entendido à luz<br />

do que eu já disse. Quem não se examina, enquanto na presença <strong>de</strong><br />

Deus, mas, ao contrário, se esquiva <strong>de</strong> seu juízo, quer se oculte nas<br />

trevas, quer se cubra <strong>de</strong> folhas, trata perfidamente tanto a si próprio<br />

quanto a Deus. Não surpreen<strong>de</strong>, pois, que quem não se sente enfermo<br />

recusa o remédio. Como já frisei, as duas espécies <strong>de</strong>sta malícia específica<br />

e inevitavelmente estão presentes. É difícil uma insensibilida<strong>de</strong><br />

mais terrível do que não se <strong>de</strong>ixar dominar pelo temor <strong>de</strong> Deus e não<br />

nutrir a menor solicitu<strong>de</strong> por sua graça, nem se <strong>de</strong>ixar comover senão<br />

por uma fria busca <strong>de</strong> perdão. Daí suce<strong>de</strong>r que nem mesmo <strong>de</strong> leve<br />

percebem que inaudita felicida<strong>de</strong> é tomar posse do favor divino. Tal

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!