31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Salmo 40 • 221<br />

Davi não serem agradáveis a Deus comparavelmente à obediência do<br />

coração. E ao citar as palavras da Septuaginta 14 em vez <strong>de</strong> diretamente<br />

as palavras do profeta, ele infere <strong>de</strong>las mais do que Davi pretendia<br />

ensinar. Quanto à restrição que ele faz nesta passagem à pessoa <strong>de</strong><br />

Cristo, a solução é fácil. Davi não fala só em seu próprio nome, mas<br />

mostrou em geral o que pertence a todos os filhos <strong>de</strong> Deus. Mas ao ter<br />

a visão <strong>de</strong> todo o corpo da Igreja, era necessário que nos sujeitasse à<br />

própria cabeça. Não há objeção alguma em que Davi logo <strong>de</strong>pois impute<br />

a seus próprios pecados as misérias que ora suporta; pois não é <strong>de</strong><br />

forma alguma algo incomum <strong>de</strong>scobrirmos que nossos erros, por uma<br />

forma <strong>de</strong> expressão não estritamente correta, transferidos para Cristo.<br />

Quanto à invalidação dos sacrifícios sob a lei, eis minha resposta: Sua<br />

invalidação po<strong>de</strong> ser corretamente inferida da linguagem dos profetas;<br />

pois este não é como muitos outros lugares em que Deus con<strong>de</strong>na e<br />

rejeita os sacrifícios que foram oferecidos por hipócritas, e que lhe<br />

eram com razão ofensivos em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua impureza; pois nestes<br />

Deus con<strong>de</strong>na a cerimônia externa em virtu<strong>de</strong> do abuso e corrupção<br />

<strong>de</strong>la, o qual a tornava numa mera zombaria. Enquanto que nesta passagem,<br />

quando o Profeta fala <strong>de</strong> si mesmo como alguém que adorava<br />

14 A Septuaginta aqui tem a redação: “Σῶμα δὲ κατηρτίσω μοι”; – “Mas um corpo preparaste<br />

[ou a<strong>de</strong>quaste] para mim.” Esta redação difere amplamente daquela <strong>de</strong> nossas Bíblias Hebraicas;<br />

e, por essa conta, os críticos e comentaristas têm lançado mão <strong>de</strong> várias conjeturas, nem o tema<br />

se isenta <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável dificulda<strong>de</strong>. Alguns pensam que a Septuaginta foi corrompida, e outros,<br />

que foi o texto hebraico. Grotius é <strong>de</strong> opinião, e é seguido por Houbigant, que a redação original<br />

da Septuaginta era ἄκουσμα, auditum, que <strong>de</strong>pois, no processo <strong>de</strong> transcrição, foi mudada para<br />

σῶμα; enquanto Drs Owen e Hammond pensam que a redação original era ὠτία, ouvidos. Ken-<br />

‏,אזנום az gevah, então um corpo, para ‏,אז גות nicott conjetura que o texto hebreu foi mudado <strong>de</strong><br />

aznayim, ouvidos; conjetura esta que encontra a aprovação do Dr. Lowth, Dr. Adam Clarke e do Dr.<br />

Pye Smith. Mas está longe <strong>de</strong> apoiar a exatidão do texto hebreu como o temos agora, com a qual<br />

as versões Siríaca, Caldaica e Vulgata concordam, e que em todos os manuscritos coletados por<br />

Kennicott e De Rossi não há uma única variação. Com respeito à citação que o Apóstolo faz da<br />

Septuaginta e não do texto hebreu, é suficiente dizer que ele assim o fez por estar a Septuaginta,<br />

então, em pleno uso. E é digno <strong>de</strong> observação que seu argumento não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das palavras σῶμα<br />

δὲ κατηρτίσω μοι; seu propósito era mostrar a insuficiência dos sacrifícios legais e para estabelecer<br />

a eficácia da obediência <strong>de</strong> Cristo à morte. E seu argumento seria igualmente completa<br />

tivera ele omitido estas palavras; pois ele não <strong>de</strong>pendia da forma da obediência. – Veja-se a apta<br />

dissertação do Arcebispo Secker, sobre o tema no Appendix to Merrick’s Notes on the Psalms; e<br />

Stuart sobre Hebreus 10.5, e Excursus xx.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!