31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Salmo 36 • 115<br />

<strong>de</strong>pravado e cego que, como bestas brutas, correm para todo excesso<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>vassidão. Visto que os olhos são, por assim dizer, os guias e<br />

condutores do homem nesta vida, e por sua influência os <strong>de</strong>mais sentidos<br />

se movem <strong>de</strong> lado para o outro, portanto se diz que os homens<br />

têm o temor <strong>de</strong> Deus diante <strong>de</strong> seus olhos quando ele regula suas<br />

vidas e, exibindo-se a eles <strong>de</strong> todos os lados para on<strong>de</strong> se volvam,<br />

serve <strong>de</strong> freio a restringir seus apetites e paixões. Davi, ao usar aqui<br />

uma forma contrária <strong>de</strong> expressão, indica que os ímpios correm em<br />

direção a todo gênero <strong>de</strong> licencioso excesso, sem a mínima consi<strong>de</strong>ração<br />

por Deus, porquanto a <strong>de</strong>pravação <strong>de</strong> seus próprios corações<br />

os tem feito completamente cegos.<br />

2. Pois a seus próprios olhos se lisonjeiam. Aqui o salmista mostra,<br />

através <strong>de</strong> seus frutos ou pelas indicações <strong>de</strong> seu caráter, que não<br />

há temor <strong>de</strong> Deus entre os perversos, visto que manifestam tal prazer<br />

na prática <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> perversida<strong>de</strong> que, embora sejam odiosos à vista<br />

<strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mais homens, ainda nutrem a natural obstinação <strong>de</strong><br />

seus corações, e espontaneamente se endurecem em sua maligna trajetória.<br />

Primeiro ele diz que nutrem seus vícios através <strong>de</strong> suas próprias<br />

adulações, 3 <strong>de</strong> que não ficarão insatisfeitos consigo mesmos ao peca-<br />

3 O verbo ‏,חלף chalak, que é traduzido por lisonjear, significa amaciar, e aqui quer dizer que o<br />

homem perverso <strong>de</strong>scrito a empenhar-se, com plausíveis argumentos, em pôr um suave, tênue e<br />

enganoso verniz em sua perversida<strong>de</strong>, como se não houvesse nada <strong>de</strong> repulsivo e odioso, nada<br />

impróprio ou indigno nela; e <strong>de</strong>sta forma ele engana a si próprio. Esse é o sentido expresso na<br />

tradução literal <strong>de</strong> Montanus, a qual parece muito forçada: “Quoniam lenivit ad se in oculis ipsius,<br />

ad inveniendum iniquitatem suam ad odiendam.” – “Pois ele tem se amaciado (ou polido) a seus<br />

próprios olhos, com respeito a <strong>de</strong>scobrir em sua iniqüida<strong>de</strong> (isto é, <strong>de</strong> modo a não encontrar nela)<br />

nada odioso.” Horsley traduz:<br />

“Pois ele dá às coisas uma aparência bela para si mesmo,<br />

A seus próprios olhos, <strong>de</strong> modo que não <strong>de</strong>scobre sua própria iniqüida<strong>de</strong> para odiá-la.”<br />

“Ele põe um verniz tão falso”, diz este crítico, “diante <strong>de</strong> seus próprios olhos, <strong>de</strong> suas piores<br />

ações, que jamais <strong>de</strong>scobre a negritu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua iniqüida<strong>de</strong>, a qual, se a percebesse claramente,<br />

seria odiosa até mesmo para ele.” Os ímpios <strong>de</strong> todos os tempos têm assim conseguido apresentar-se<br />

com uma bela aparência com base em aforismos sem princípio e práticas perniciosas.<br />

Po<strong>de</strong>-se ver que a tradução <strong>de</strong> Montanus e Horsley da última cláusula do versículo apresenta<br />

um significado diferente daquele apresentado por Calvino. O texto original é um tanto<br />

obscuro e ambíguo <strong>de</strong>vido à sua brevida<strong>de</strong>; contudo parece apoiar o sentido dado por esses<br />

críticos. O hebraico é עונולשנא ‏,למצא limtso avono lisno, <strong>de</strong>scobrir para ou por ou concernente<br />

à <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> (sendo o primeiro verbo um infinitivo com o prefixo ‏,ל lamed) sua iniqüida<strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!