31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Salmo 40 • 217<br />

uma marca <strong>de</strong> escravidão perpétua. Esse método <strong>de</strong> interpretação,<br />

porém, parece um tanto forçado e sutil. 10 Ainda outros simplesmente<br />

consi<strong>de</strong>ram que ela é do significado para tornar adaptado ou qualificado<br />

para o serviço, pois Davi não menciona apenas um ouvido, mas<br />

ambos. Os homens, bem sabemos, são inerentemente surdos, porquanto<br />

são tão obtusos, que seus ouvidos permanecem tapados até<br />

que Deus os fure. Por esta expressão, portanto, se <strong>de</strong>nota a docilida<strong>de</strong><br />

com que somos conduzidos e mo<strong>de</strong>lados pela graça do Espírito Santo.<br />

Entretanto, aplico esta forma <strong>de</strong> expressão mais estreitamente ao<br />

escopo da passagem que se acha diante <strong>de</strong> nós, e a explico neste sentido:<br />

Davi não era <strong>de</strong> audição morosa e obtusa, como geralmente são<br />

os homens, <strong>de</strong> modo que ele não podia discernir nada, senão o que o<br />

que terrena nos sacrifícios, mas que seus ouvidos haviam sido purificados<br />

para que ele fosse melhor intérprete da lei e capaz <strong>de</strong> submeter<br />

todas as cerimônias externas ao culto espiritual <strong>de</strong> Deus. Ele embute<br />

a frase, Furaste minhas orelhas, por assim dizer, entre parêntesis, enquanto<br />

trata francamente dos sacrifícios, <strong>de</strong> modo que a frase po<strong>de</strong><br />

ser explicada <strong>de</strong>sta maneira: Senhor, abriste meus ouvidos para que<br />

eu distintamente entenda tudo o que or<strong>de</strong>naste concernente aos sacrifícios,<br />

ou seja, que <strong>de</strong> si mesmos não te oferecem nenhum prazer;<br />

10 As objeções a esta interpretação são as seguintes: 1. Que o verbo ‏,כרה carah, aqui usado,<br />

não significa furar, mas que a idéia radical da palavra é fincar, esburacar; como furar um poço<br />

(Gn 26.25); uma cova (Sl 7.15); cavar ou abrir uma sepultura na rocha (2Cr 16.14); e daí a achamos<br />

transferida das grutas do sepulcro para as presas <strong>de</strong> natureza humana (Is 51.1, 2). Williams, vendo<br />

o verbo como propriamente significando furado, cavado ou cortado, no sentido <strong>de</strong> formar, explica<br />

as palavras como se o salmista dissesse: “Meus ouvidos tu os fizeste, ou preparaste, para a mais<br />

exata e completa obediência.” Stuart (Commentary on Heb. x.5), e Davidson (Sacred Hermeneutics,<br />

p. 461), vendo a palavra como que significando furado, cavado, simplesmente no sentido <strong>de</strong><br />

aberto, traduz assim: “Meus ouvidos tu abriste”; o que ele explica assim: Tu me fizeste obediente,<br />

ou Estou inteiramente <strong>de</strong>votado ao teu serviço; observando que abrir ou <strong>de</strong>stapar o ouvido era<br />

uma expressão costumeira entre os hebreus, significando revelar algo a alguém, inclusive a idéia<br />

<strong>de</strong> ouvir a comunicação, seguido <strong>de</strong> pronta obediência (Is 1.5; 1Sm 20.2). Há outro verbo com as<br />

mesmas letras radicais, que significa comprar ou suprir; e este é o sentido em que a LXX enten<strong>de</strong>u<br />

carah, como se faz evi<strong>de</strong>nte à luz <strong>de</strong> sua tradução para κατηρτίσω. 2. Que o verbo usado em ‏,כרה<br />

Êxodo não é ‏,כרה como aqui, mas ‏,רצע ratsang. 3. Que só uma orelha era furada, como transparece<br />

das passagens no Pentateuco em que se <strong>de</strong>screve o ritual. Mas aqui se usa o número dual, <strong>de</strong>notando<br />

ambas as orelhas. À luz <strong>de</strong>stas consi<strong>de</strong>rações, conclui-se que não há aqui qualquer alusão<br />

ao costume <strong>de</strong> furar a orelha <strong>de</strong> um servo sujeito à lei.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!