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Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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576 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

9. E eles, enquanto buscam minha alma para a <strong>de</strong>struir,<br />

<strong>de</strong>scerão às partes mais baixas da terra. Aqui <strong>de</strong>scobrimos Davi <strong>de</strong>monstrando<br />

uma confiança muito mais sólida e triunfando como se<br />

já houvera obtido a vitória. E há forte razão para se crer que, embora<br />

houvesse escapado <strong>de</strong> suas dificulda<strong>de</strong>s e estivesse em circunstâncias<br />

<strong>de</strong> paz e prosperida<strong>de</strong> quando escreveu este Salmo, todavia só<br />

expressa o que realmente sentia no período crucial em que sua vida<br />

se achava à mercê do perigo. Ele <strong>de</strong>clara sua convicção <strong>de</strong> que os<br />

inimigos que avidamente buscavam [<strong>de</strong>struir] sua vida seriam exterminados;<br />

que Deus os lançaria <strong>de</strong> ponta cabeça na <strong>de</strong>struição; e<br />

que seus próprios corpos seriam <strong>de</strong>ixados sem sepultura. Ser ração<br />

<strong>de</strong> raposas 14 é o mesmo que ser abandonado para ser dilacerado e<br />

14 Sob a palavra hebraica, ‏,שועל shual, aqui traduzida por raposa, compreendia, na linguagem<br />

popular, o chacal ou vulpes aueus, lobo dourado, assim chamado em latim por causa <strong>de</strong> sua cor<br />

<strong>de</strong> um amarelo brilhante; e nesse sentido, ‏,שועל shual, geralmente tem sido interpretado aqui,<br />

visto ser o chacal encontrado na Palestina e alimentar-se <strong>de</strong> cadáver. Ambas estas circunstâncias<br />

são, contudo, também aplicável à raposa, e, além do mais, Bochart tornou provável que o nome<br />

específico do chacal (o θῶς dos gregos) em hebraico era ‏,אי aye, o que uiva, sendo assim chamado<br />

por causa <strong>de</strong> seu grito uivante, o que faz particularmente à noite. O termo ocorre em Isaías<br />

13.22; 34.14; e Jeremias 1.39; on<strong>de</strong> ‏,איים ayim, é traduzido assim em nossa versão: “os animais<br />

selvagens da ilhas”, epíteto muito vago e in<strong>de</strong>terminado. Ao mesmo tempo, é bem provável que<br />

shual geralmente se refira ao chacal. Alguns dos nomes orientais mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>ste animal, como<br />

o chical turco, e sciagal, sciachal ou shachal persa – daí chacal em nosso idioma –, assemelhando-<br />

-se à palavra hebraica, shual, favorecem esta suposição; e o Dr. Shaw, bem como outros turistas,<br />

nos informam que, enquanto os chacais são bem numerosos na Palestina, a popular raposa é<br />

raramente encontrada. Portanto, será mais correto, sob tais circunstâncias, admitir que o chacal<br />

do oriente seja o shual hebraico. Estes animais nunca andam sozinhos, mas sempre associados<br />

em matilhas <strong>de</strong> cinqüenta a duzentos. São conhecidos por alimentar-se <strong>de</strong> cadáveres; e daí serem<br />

ambiciosos <strong>de</strong> carcaças humanas, arrancando-as <strong>de</strong> suas sepulturas e <strong>de</strong>vorando-as, por mais<br />

putrefatas estejam. São vistos aguardando perto da sepultura no momento <strong>de</strong> um funeral, avidamente<br />

aguardando sua oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrancar o corpo quase imediatamente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser<br />

sepultado. “Sou conhecedor <strong>de</strong> diversos casos”, diz um turista citado por Merrick, “<strong>de</strong> atacarem<br />

e <strong>de</strong>vorarem bêbados, a quem encontram <strong>de</strong>itados na estrada, e tenho ouvido que fazem o mesmo<br />

a pessoas que se acham doentes e <strong>de</strong>samparadas. Tenho visto muitas sepulturas que foram<br />

abertas pelos chacais, bem como partes dos corpos arrancados por eles.” Visitam o campo <strong>de</strong><br />

batalha para alimentar-se dos moribundos e mortos, e seguem caravanas com o mesmo objetivo.<br />

É comum nas nações bárbaras do Oriente <strong>de</strong>ixarem os corpos <strong>de</strong> seus inimigos mortos no campo<br />

<strong>de</strong> batalha para serem <strong>de</strong>vorados pelos chacais e outros animais. Portanto, quando o salmista diz<br />

que seus inimigos se tornariam ração para raposas, sua intenção é dizer que lhes seriam negados<br />

os rituais junto às sepulturas, o que se julgava ser uma gran<strong>de</strong> calamida<strong>de</strong> – que seriam <strong>de</strong>ixados<br />

insepultos, porque os chacais e outros animais selvagens se alimentarão <strong>de</strong>les e os <strong>de</strong>vorarão.

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