08.05.2013 Views

+ Descargar - Asociación de Investigadores en Relaciones Públicas

+ Descargar - Asociación de Investigadores en Relaciones Públicas

+ Descargar - Asociación de Investigadores en Relaciones Públicas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Manuel Teixeira, Florbela Gue<strong>de</strong>s: Novos paradigmas <strong>de</strong> Comunicação<br />

protocolares exercem uma função primordial na gestão <strong>de</strong> ev<strong>en</strong>tos cerimoniais, com maior<br />

ou m<strong>en</strong>or carga institucional, competindo-lhe contribuir, no or<strong>de</strong>nam<strong>en</strong>to e no boa<br />

concretização das iniciativas, para a construção ou reforço <strong>de</strong> uma imagem positiva, eficaz e<br />

cordial das instituições e dos seus lí<strong>de</strong>res.<br />

5.1. A relação ambival<strong>en</strong>te <strong>en</strong>tre média, assessores e actores políticos<br />

É verda<strong>de</strong> que os meios <strong>de</strong> comunicação têm que garantir o pre<strong>en</strong>chim<strong>en</strong>to do seu espaço e<br />

tempo informativos, o que influ<strong>en</strong>cia o facto <strong>de</strong> muitos dos conteúdos <strong>de</strong>signados como<br />

«notícias» por vezes não serem mais do que publicida<strong>de</strong> gratuita. Há também que consi<strong>de</strong>rar<br />

o facto <strong>de</strong> ser bastante mais simples para um jornalista comparecer a uma conferência <strong>de</strong><br />

impr<strong>en</strong>sa, preparada antecipadam<strong>en</strong>te por profissionais da área da publicida<strong>de</strong> ou das relações<br />

públicas, e publicar a informação que <strong>de</strong>ssa forma lhe foi transmitida do que <strong>de</strong>dicar-se a<br />

investigar sobre o assunto em questão. Daí que muitos dos acontecim<strong>en</strong>tos noticiados não<br />

sejam sequer verda<strong>de</strong>iros acontecim<strong>en</strong>tos in<strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>ntes dos media, mas sim aquilo que se<br />

<strong>de</strong>signa <strong>de</strong> «pseudo-acontecim<strong>en</strong>tos».<br />

O conceito <strong>de</strong> «pseudo-acontecim<strong>en</strong>to», introduzido em 1961 por Daniel Boorstin (1961),<br />

refere-se a todos os ev<strong>en</strong>tos concebidos com o propósito <strong>de</strong> serem noticiados, alcançando,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, significado <strong>en</strong>quanto acontecim<strong>en</strong>tos mediáticos. Estes são criados por<br />

profissionais da comunicação com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir o seu reconhecim<strong>en</strong>to como<br />

acontecim<strong>en</strong>tos g<strong>en</strong>uínos. O objectivo é fazer falar <strong>de</strong> assuntos específicos, por <strong>de</strong>trás dos<br />

quais se ocultam normalm<strong>en</strong>te interesses pessoais.<br />

Em Portugal, um dos exemplos mais evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um «pseudo-acontecim<strong>en</strong>to» foram as<br />

presidências abertas do <strong>en</strong>tão Presi<strong>de</strong>nte da República Mário Soares. Como afirma Estrela<br />

Serrano (2002, pag.130), «a Presidência Aberta não é um acontecim<strong>en</strong>to espontâneo. Surge porque foi<br />

planeada. Foi criada para ser coberta pelos media, como Soares repetidam<strong>en</strong>te afirmou. (…) Constitui<br />

uma t<strong>en</strong>tativa <strong>de</strong> criar um acontecim<strong>en</strong>to para dar visibilida<strong>de</strong> ao Presi<strong>de</strong>nte que queria ser notícia».<br />

O aum<strong>en</strong>to significativo do número <strong>de</strong> «pseudo-acontecim<strong>en</strong>tos» a que temos vindo a assistir<br />

tem, como consequência directa, um crescim<strong>en</strong>to expon<strong>en</strong>cial da ambiguida<strong>de</strong> <strong>en</strong>tre o<br />

natural e o artificial, <strong>en</strong>tre a realida<strong>de</strong> da ficção e a ficção da realida<strong>de</strong>. A vida <strong>de</strong> cada um e os<br />

acontecim<strong>en</strong>tos que ocorrem no mundo <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser o seu refer<strong>en</strong>te directo e exclusivo.<br />

Os universos discursivos construídos pelos meios <strong>de</strong> comunicação social foram convertidos<br />

em mo<strong>de</strong>los estereotipados e em critérios <strong>de</strong> referência para a nossa vivência no mundo <strong>de</strong><br />

hoje.<br />

Como nos dá conta Canel (2008: 78-91), o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to dos media <strong>de</strong>u origem a uma<br />

relação profundam<strong>en</strong>te ambígua <strong>en</strong>tre estes e o campo político. Se, num primeiro mom<strong>en</strong>to,<br />

os media pareciam servir perfeitam<strong>en</strong>te para que os políticos veiculassem a sua imagem e<br />

vissem promulgadas as suas acções, actualm<strong>en</strong>te o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to tecnológico e o<br />

consequ<strong>en</strong>te fluxo <strong>de</strong> conteúdos informativos e imagéticos faz com que nem sempre isso<br />

# A6 ACTAS ICONO 14 - Nº A6 – pp. 188/222 | 05/2011 | REVISTA DE COMUNICACIÓN Y NUEVAS TECNOLOGÍAS | ISSN: 1697–8293<br />

C/ Salud, 15 5º dcha. 28013 – Madrid | CIF: G - 84075977 | www.icono14.net<br />

216

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!