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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 2 • 109<br />

ostentação. Esta, pois, não era uma forma sincera <strong>de</strong> gloriar-se, e, sim,<br />

simples ostentação <strong>de</strong> palavras.<br />

18. E conheces sua vonta<strong>de</strong>, e aprovas as coisas que são excelentes.<br />

Ele agora admite que os ju<strong>de</strong>us tinham conhecimento da vonta<strong>de</strong> divina<br />

e aprovavam as coisas que [em si mesmas] eram excelentes, as quais<br />

granjearam eles do ensino da lei. Existem dois gêneros <strong>de</strong> aprovação, a<br />

saber: um consiste na aprovação da escolha, isto é: quando aceitamos<br />

e seguimos o que achamos ser bom; o outro consiste na aprovação do<br />

juízo, pelo qual, ainda que façamos distinção entre o bem e o mal, não<br />

nos esforçamos jamais por consegui-lo. Os ju<strong>de</strong>us eram tão instruídos<br />

na lei que podiam formular juízo sobre a conduta dos outros, porém não<br />

tinham propensão alguma em regular sua própria vida por essa mesma<br />

lei. Contudo, à luz do fato <strong>de</strong> Paulo repreen<strong>de</strong>r a hipocrisia <strong>de</strong>les po<strong>de</strong>mos<br />

inferir (contanto que nosso juízo proceda da sincerida<strong>de</strong>) que somente<br />

quando damos ouvidos a Deus é que aprovamos corretamente as coisas<br />

que são excelentes. Sua vonta<strong>de</strong>, segundo revelada na lei, é aqui <strong>de</strong>signada<br />

como o guia e instrutor do que <strong>de</strong>ve ser corretamente aprovado. 18<br />

19. Se estás convicto <strong>de</strong> que és guia. Ele lhes confere ainda mais,<br />

como se não possuíssem apenas o suficiente para si próprios, mas também<br />

os meios <strong>de</strong> enriquecer a outros. Ele admite, <strong>de</strong> fato, que possuíam<br />

uma abundância tal <strong>de</strong> cultura [espiritual] que podiam contribuir para<br />

[o bem <strong>de</strong>] outros. 19<br />

18 Há duas explicações das palavras δοκιμάζεις τὰ διαφερόντα que po<strong>de</strong>m ser sustentadas<br />

segundo o que as palavras significam em outros lugares. A primeira palavra significa<br />

provar, testar, ou examinar, bem como aprovar; e a segunda significa coisas que diferem<br />

ou coisas que são excelentes. “tu provaste ou distinguiste coisas que diferem” é a<br />

tradução <strong>de</strong> Beza, Pareus, Doddridge e Stuart; “tu aprovaste coisas excelentes ou úteis”,<br />

na tradução <strong>de</strong> Erasmo, Macknight e outros. A primeira é a mais a<strong>de</strong>quada ao contexto,<br />

como conhecimento, e não aprovação, evi<strong>de</strong>ntemente é a intenção, como se prova pela<br />

cláusula explicativa que se segue – “sendo instruído na lei.”<br />

19 Calvino passou por alto, aqui, várias cláusulas; elas são tão claras que não exigem observações,<br />

exceto as duas últimas. “O instrutor dos incultos – insipientium”, ἀφρόνων,<br />

<strong>de</strong> tão tolo era em não enten<strong>de</strong>r as coisas corretamente. “O mestre dos ignorantes – imperitorum”,<br />

νηπίων, bebês, isto é, <strong>de</strong> tão ignorante que se assemelha a bebê. Mas estes<br />

e os títulos seguintes, “o guia <strong>de</strong> cegos” e “luz para os que andam em trevas” eram tais<br />

como os doutores judaicos assumiam, e não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados como tendo alguma<br />

gran<strong>de</strong> diferença em seu significado real. Parece não haver razão para supor-se, com<br />

Doddridge e alguns outros, que “o cego, o tolo, o ignorante” eram os gentios, porquanto

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