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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 153<br />

25. A quem Deus apresentou como propiciação. O verbo grego,<br />

προτίθεναι, às vezes significa pre<strong>de</strong>terminar e às vezes apresentar. Se<br />

porventura preferirmos o primeiro significado, então Paulo está a<br />

referir-se à graciosa misericórdia <strong>de</strong> Deus em haver <strong>de</strong>signado Cristo<br />

como nosso Mediador a fim <strong>de</strong> reconciliar o Pai conosco por meio<br />

do sacrifício <strong>de</strong> sua morte. Não é um encômio comum da graça <strong>de</strong><br />

Deus o fato <strong>de</strong> que, <strong>de</strong> seu próprio beneplácito, ele encontrou uma<br />

forma pela qual pu<strong>de</strong>sse remover nossa maldição. Na verda<strong>de</strong>, tudo<br />

indica que a presente passagem concorda com aquela que se acha<br />

em João 3.16: “Deus amou o mundo <strong>de</strong> tal maneira, que <strong>de</strong>u seu<br />

Filho unigênito.” Entretanto, se adotarmos o segundo significado,<br />

o sentido será o mesmo, a saber: que, a seu próprio tempo, Deus<br />

o apresentou, a quem <strong>de</strong>signou Mediador. Há, creio eu, na palavra<br />

ἱλαστήριον, como já disse, uma alusão ao antigo propiciatório, pois o<br />

apóstolo nos informa que em Cristo foi exibido em realida<strong>de</strong>, aquilo<br />

que, para os ju<strong>de</strong>us, foi dado figuradamente. Entretanto, visto que o<br />

outro ponto <strong>de</strong> vista não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scartado, caso o leitor prefira<br />

aceitar o sentido mais simples, então <strong>de</strong>ixarei a questão em aberto.<br />

sacrifício propiciatório, a palavra θυ̑μα, um sacrifício, estando subjacente. Mas por si<br />

mesma é usada como outras palavras <strong>de</strong> terminação semelhante. Encontra-se também<br />

em Josefo e em Macabeus neste sentido. Parece que Orígenes, Teodoreto e outros pais,<br />

bem como Erasmo, Lutero e Locke assumiram o primeiro significado: propiciatório; e que<br />

Grotius, Elsner, Turrettin, Bos e Tholuck, assumiram o segundo significado: um sacrifício<br />

propiciatório. Ora, como ambos os significados são legítimos, qual <strong>de</strong>les preferiríamos?<br />

Venema e Stuart realçam uma coisa que muito favorece o último ponto <strong>de</strong> vista, isto é, a<br />

frase ἐν τω αἵματι αὐτου; e o último diz que seria incongruente representar Cristo mesmo<br />

como sendo o propiciatório, e representá-lo também como que aspergindo seu próprio<br />

sangue; mas que é apropriado dizer que um sacrifício propiciatório foi feito com seu<br />

sangue. O verbo προέθετω, apresentar, que se acrescenta, parece apoiar o mesmo ponto<br />

<strong>de</strong> vista. Para exibir um propiciatório é certamente uma linguagem não a<strong>de</strong>quada nesta<br />

conexão.<br />

Pareus a traduz “placamentum – expiatório”, hoc est, ‘placatorem’, isto é, ‘expiar’ ou ‘expiatório’.<br />

A versão <strong>de</strong> Beza é a mesma – ‘placamentum’; Doddridge tem ‘propiciação’, e<br />

Macknight, ‘propiciatório’ e Schleusner, “expiatorem – expiatório”.<br />

A palavra ocorre em um único outro lugar com o artigo neutro, τὸ ἱλαστήριον [Hb 9.5];<br />

on<strong>de</strong> claramente significa propiciatório. É sempre acompanhada <strong>de</strong> artigo na Septuaginta<br />

[Lv 16.2, 13-15]; aqui, porém, está sem o artigo e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como um adjetivo<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ὅν, ‘a quem’, e traduzida propiciatório. Se propiciatório estivesse em pauta,<br />

teria sido τὸ ἱλαστήριον.

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