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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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418 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

é a estupi<strong>de</strong>z dos papistas que consi<strong>de</strong>ram suficiente apegar-se a<br />

suas promessas vazias como prova dos méritos [humanos]. “Deus”,<br />

dizem eles, “não prometeu <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> vida àqueles que o adoram.” Mas,<br />

ao mesmo tempo, falham em ver que a promessa <strong>de</strong> vida foi dada a<br />

fim <strong>de</strong> que o senso <strong>de</strong> suas transgressões os enchessem do temor<br />

da morte, e sendo assim compelidos por sua própria necessida<strong>de</strong>,<br />

pu<strong>de</strong>ssem apren<strong>de</strong>r a buscar seu refúgio somente em Cristo.<br />

6. Mas a justiça 4 <strong>de</strong>corrente da fé assim diz. Esta passagem<br />

po<strong>de</strong>, por duas razões, trazer consi<strong>de</strong>rável dificulda<strong>de</strong> ao leitor.<br />

Aparentemente, Paulo não só distorceu o sentido normal da passagem,<br />

mas também mudou as palavras para que produzissem um<br />

significado diferente. Mais adiante consi<strong>de</strong>raremos a interpretação<br />

das palavras; por ora ocuparemos nossa atenção a sua aplicação. A<br />

passagem é extraída <strong>de</strong> Deuteronômio 30.12, on<strong>de</strong> Moisés, como na<br />

citação anterior, está falando da doutrina da lei, a qual Paulo aplica<br />

às promessas do evangelho. Esta dificulda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser facilmente removida<br />

da seguinte forma: Moisés, nesta passagem, está mostrando<br />

quão fácil acesso tinham os ju<strong>de</strong>us à vida, visto que a vonta<strong>de</strong> divina<br />

não estava escondida longe e muito menos isolada <strong>de</strong>les, mas fora<br />

posta diante <strong>de</strong> seus olhos. Houvera Paulo falado somente da lei, e<br />

seu argumento se tornaria irracional, visto que não é mais fácil guardar<br />

a lei <strong>de</strong> Deus quando está posta diante <strong>de</strong> nossos olhos do que<br />

quando se acha a longa distância. Moisés, pois, não está apontando<br />

só para a lei, mas também para toda a doutrina <strong>de</strong> Deus, em geral, a<br />

qual inclui o evangelho. A palavra da lei, propriamente dita, nunca<br />

está em nosso coração, nem mesmo uma única sílaba <strong>de</strong>la, enquanto<br />

ela não for enxertada em nossos corações pela fé no evangelho. Em<br />

segundo lugar, mesmo <strong>de</strong>pois da regeneração, a palavra da lei não<br />

po<strong>de</strong> propriamente estar em nossos corações, visto que ela exige<br />

perfeição, da qual até mesmo os crentes se acham mui distantes.<br />

Mas a palavra do evangelho, ainda quando não encha nossos cora-<br />

4 Justiça aqui é personificada, segundo o modo usual do apóstolo. A lei e o pecado tinham<br />

sido outrora representados da mesma forma.

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