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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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356 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

É provável que este Salmo [44.23] <strong>de</strong>screva a miserável opressão<br />

do povo sob a tirania <strong>de</strong> Antíoco, pois afirma-se expressamente que<br />

ele agia com terrível cruelda<strong>de</strong> contra os adoradores <strong>de</strong> Deus, não<br />

por alguma outra razão senão porque odiava a verda<strong>de</strong>ira religião.<br />

Ele adiciona uma gloriosa afirmação, dizendo que mesmo assim os<br />

crentes não se separaram do pacto divino. Era isso mesmo, creio eu,<br />

que Paulo tinha particularmente em vista. Não há objeção alguma<br />

<strong>de</strong> que os santos, neste salmo, se queixam da calamida<strong>de</strong> com que<br />

foram então afligidos além dos sofrimentos rotineiros. Visto que primeiramente<br />

<strong>de</strong>clararam sua inocência, e mostraram que se achavam<br />

sobrecarregados com tantos males, po<strong>de</strong>mos argumentar a<strong>de</strong>quadamente,<br />

<strong>de</strong>ste fato, que não há nada novo em o Senhor permitir que<br />

os santos sejam imerecidamente expostos à cruelda<strong>de</strong> dos ímpios.<br />

Faz-se evi<strong>de</strong>nte, porém, que tal só suce<strong>de</strong> visando ao seu bem, visto<br />

que a Escritura nos ensina que é inconsistente com a justiça divina<br />

que Deus <strong>de</strong>strua o justo juntamente com o ímpio [Gn 18.23]. Ao<br />

contrário, é razoável que ele pague com aflição aos que afligem e<br />

com <strong>de</strong>scanso aos que são afligidos [1Ts 1.6,9]. Então afirmam que<br />

sofrem pelo Senhor, e que Cristo <strong>de</strong>clara bem-aventurados aqueles<br />

que sofrem por causa da justiça [Mt 5.10]. Dizer que morrem durante<br />

o dia significa que a morte os ameaça <strong>de</strong> uma forma tal que pouca<br />

diferença há entre essa espécie <strong>de</strong> vida e a própria morte.<br />

37. Somos mais que vencedores. Ou seja: lutamos sempre, mas<br />

também vencemos sempre. Retive a palavra usada por Paulo, 39 ainda<br />

39 “Supervincimus” – ὑπερνικω̑μεν; a versão <strong>de</strong> Beza é: “amplius quam victores sumus”; a <strong>de</strong><br />

Macknight: “fazemos mais do que vencer”; Schleusner apresenta esta como uma <strong>de</strong> suas<br />

explicações: “plenissime vincimus – vencemos mais plenamente”. Paulo comumente usa<br />

ὑπερ num sentido enfático; <strong>de</strong> modo que a versão po<strong>de</strong> ser: “vencemos abundantemente”,<br />

como se quisesse dizer: “Recebemos força que exce<strong>de</strong> em muito ao po<strong>de</strong>r dos maus”.<br />

Alguns dizem que os fiéis vencem abundantemente, porque não sofrem perdas reais; mas<br />

que, como a prata no forno, só per<strong>de</strong>m seus refugos. E não só isso, mas também levam,<br />

como se estivessem no campo <strong>de</strong> batalha, ricos <strong>de</strong>spojos – os frutos da santida<strong>de</strong> e justiça<br />

[Hb 12.10, 11]. E diz mais que a vitória será esta: que Cristo, que os tem amado, os<br />

ressuscitará <strong>de</strong>ntre os mortos e os adornará com aquela glória com a qual todos os males<br />

<strong>de</strong>sta vida não são dignos <strong>de</strong> comparação.<br />

Beza diz: “Não apenas não ficaremos prostrados por tantos males e <strong>de</strong>salentos, mas até<br />

mesmo nos gloriamos na cruz.”

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