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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 12 • 513<br />

Amontoarás brasas <strong>de</strong> fogo sobre sua cabeça. O apóstolo mostra<br />

a gran<strong>de</strong> vantagem que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sfrutar tratando nossos inimigos<br />

com atos <strong>de</strong> cortesia, visto que não <strong>de</strong>vemos dissipar <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> nosso<br />

tempo e nossos esforços. Há quem interprete brasas no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição<br />

que é amontoada sobre a cabeça <strong>de</strong> nosso inimigo, se tratamos<br />

sua indignida<strong>de</strong> com benevolência, e nossos atos, em relação a ele, são<br />

muito mais dignos do que realmente ele merece. E isso ainda aumenta<br />

seu senso <strong>de</strong> culpa. Outros preferem formular a opinião <strong>de</strong> que, quando<br />

nosso inimigo se vê tão bem tratado, seu espírito é impelido a amar-nos<br />

em troca. Fico com o ponto <strong>de</strong> vista mais simples, ou, seja: seu espírito<br />

será quebrantado <strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong> outra maneira, a saber: ou nosso<br />

inimigo será comovido pela bonda<strong>de</strong>, ou, caso seja ele tão feroz que<br />

nada consiga acalmá-lo, será fustigado e atormentado pelo testemunho<br />

<strong>de</strong> sua consciência, a qual se sentirá fulminada ante nossa bonda<strong>de</strong>. 21<br />

21. Não <strong>de</strong>ixes que o mal te vença. Esta sentença parece ter sido<br />

escrita à guisa <strong>de</strong> confirmação. Nesta nossa vida, toda luta é contra a<br />

perversida<strong>de</strong>. Se tentamos retaliar, admitimos que fomos enganados<br />

por ela. Mas se, ao contrário, ao mal revidamos com o bem, <strong>de</strong>monstramos<br />

por esse mesmo ato um invencível equilíbrio do espírito. E esta é<br />

a mais gloriosa espécie <strong>de</strong> vitória, e sua recompensa nem mesmo po<strong>de</strong><br />

ser imaginada, mas que po<strong>de</strong> realmente ser experimentada, quando<br />

o Senhor lhes conce<strong>de</strong>r maior sucesso do que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>sejar. Em<br />

contrapartida, aquele que tenta vencer o mal com outro mal, talvez até<br />

consiga vencer seu inimigo com algum dano, mas tal coisa será sua própria<br />

ruína, pois, ao agir assim, estará participando da batalha do Diabo.<br />

21 Calvino, nesta explicação, seguiu Crisóstomo e Teodoreto. A primeira parte<br />

sem dúvida contém o ponto <strong>de</strong> vista correto; o versículo seguinte o comprova:<br />

“Vence o mal com o bem.” A idéia <strong>de</strong> “amontoar brasas <strong>de</strong> fogo” diz-se<br />

ter se <strong>de</strong>rivado da prática <strong>de</strong> amontoar brasas no fogo para <strong>de</strong>rreter metais<br />

duros; mas, como “as brasas <strong>de</strong> fogo” <strong>de</strong>vem significar “carvões ar<strong>de</strong>ntes”,<br />

como é a palavra em Provérbios 25.22, don<strong>de</strong> a passagem foi extraída, significa<br />

claramente, então tal noção não po<strong>de</strong> ser nutrida. Tudo indica ser<br />

uma sorte <strong>de</strong> dito proverbial, significando algo intolerável, o qual não po<strong>de</strong><br />

ser suportado sem produzir fortes efeitos. Isso é representado como sendo<br />

a bonda<strong>de</strong> para com um inimigo, alimentá-lo quando irado e dar-lhe água<br />

quando se<strong>de</strong>nto. O efeito é <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r tal como alguém que tem sobre a<br />

cabeça um punhado <strong>de</strong> carvão em brasa.

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