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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 11 • 447<br />

próprio beneplácito, e assevera que qualquer concessão que se <strong>de</strong>r<br />

às obras, só servirá para prejudicar a dimensão da graça.<br />

Desse fato <strong>de</strong>duz-se que é prejudicial confundir previsão <strong>de</strong> obras<br />

com eleição. Se porventura Deus escolheu uns e rejeitou outros, em<br />

consonância com sua previsão, se serão dignos ou não da salvação,<br />

então o galardão das obras já foi estabelecido, e a graça <strong>de</strong> Deus<br />

jamais reinará soberana, mas será apenas uma meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa<br />

eleição. Assim como o apóstolo já argüira no caso da justificação<br />

<strong>de</strong> Abraão [4.4], dizendo que on<strong>de</strong> o galardão é pago, a graça não<br />

po<strong>de</strong> ser gratuitamente concedida, também agora ele extrai seu argumento<br />

da mesma fonte, e afirma que, se as obras são levadas em<br />

consi<strong>de</strong>ração quando Deus adota um certo número <strong>de</strong> pessoas para<br />

a salvação, então o galardão passa a ser uma questão <strong>de</strong> dívida, e<br />

portanto a salvação <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser um dom gratuito. 6<br />

Paulo aqui está falando da eleição. Entretanto, visto o raciocínio<br />

que ele usa ser <strong>de</strong> caráter geral, então <strong>de</strong>vemos estendê-lo a todo<br />

o argumento concernente a nossa salvação. É preciso lembrar que<br />

sempre que atribuímos nossa salvação à graça divina, estamos<br />

confessando que não há mérito algum nas obras; ou, antes, <strong>de</strong>vemos<br />

lembrar que sempre que fazemos menção da graça, estamos<br />

<strong>de</strong>struindo a justiça [proce<strong>de</strong>nte] das obras.<br />

7. Que diremos, pois? O que Israel<br />

busca, isso não conseguiu; mas a<br />

eleição o alcançou, e os mais foram<br />

endurecidos,<br />

7. Quid ergo? Quod quærit Israel, non<br />

est assequutus; 7 electio autem assequuta<br />

est, reliqui verò escæcati<br />

fuerunt;<br />

6 A última meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste versículo é consi<strong>de</strong>rada espúria por Griesbach, não sendo encontrada<br />

na maior parte dos manuscritos, nem na Vulgata, nem nos pais latinos; mas se<br />

encontra em alguns dos pais gregos, Teodoreto, Ecumênio, Photius; e no texto, ainda que<br />

não no comentário <strong>de</strong> Crisóstomo e em Teofilato, com exceção da última frase, “Também<br />

opera” etc. As versões Siríaca e a Arábica também contêm todo o versículo. O argumento<br />

é completo sem a última porção, a qual é, <strong>de</strong> fato, uma repetição da primeira em outra<br />

forma. Mas esse tipo <strong>de</strong> afirmação está totalmente em uníssono com o caráter do modo<br />

<strong>de</strong> escrever do apóstolo. Ele amiú<strong>de</strong> <strong>de</strong>clara uma coisa postitiva e negativamente, ou <strong>de</strong><br />

duas maneiras diferentes. Veja 4.4, 5; 9.1; Efésios 2.8, 9. Então uma omissão é mais provável<br />

que uma adição.<br />

7 Literalmente é: “o que Israel busca, isso ele não obteve.”

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