27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 9 • 383<br />

nosso interesse saber, tal conhecimento nos será indubitavelmente<br />

benéfico, contanto que não se ultrapassem os limites da Palavra <strong>de</strong><br />

Deus. Portanto, que esta seja nossa regra sacra: não procurar saber<br />

nada mais, senão o que a Escritura nos ensina. On<strong>de</strong> o Senhor fecha<br />

seus próprios lábios, que igualmente impeçamos nossas mentes <strong>de</strong><br />

avançar sequer um passo a mais. Não obstante, visto que as perguntas<br />

fúteis virão naturalmente a nosso encontro, sendo nós o que<br />

somos, ouçamos <strong>de</strong> Paulo como as mesmas <strong>de</strong>vem ser satisfeitas.<br />

Há injustiça da parte <strong>de</strong> Deus? A malda<strong>de</strong> da mente humana<br />

é certamente insondável. Ela está sempre mais disposta a acusar<br />

a Deus <strong>de</strong> injustiça do que a responsabilizar-se por sua própria<br />

cegueira. Paulo não tinha a menor intenção <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> seu caminho<br />

em busca <strong>de</strong> um tema com o qual pu<strong>de</strong>sse confundir seus leitores,<br />

senão que põe ele em discussão a irreverente dúvida que gira nos<br />

pensamentos <strong>de</strong> muitos, tão logo ouvem que Deus <strong>de</strong>termina a<br />

condição <strong>de</strong> cada indivíduo em consonância com sua vonta<strong>de</strong>. O<br />

tipo <strong>de</strong> injustiça que a carne imagina é aquele em que Deus é visto<br />

a consi<strong>de</strong>rar uma pessoa e a ignorar a outra.<br />

A fim <strong>de</strong> remover esta dificulda<strong>de</strong>, o apóstolo divi<strong>de</strong> todo o tema<br />

em duas partes. Na primeira, ele trata dos eleitos; e na segunda, dos<br />

réprobos. No caso dos eleitos, ele nos leva a contemplar a mercê<br />

divina; porém no caso dos réprobos, <strong>de</strong>vemos reconhecer o justo<br />

juízo <strong>de</strong> Deus. Em primeiro lugar, portanto, sua resposta consiste em<br />

que é <strong>de</strong>testável o conceito <strong>de</strong> que há injustiça em Deus. Ele, pois,<br />

mostra que é impossível haver qualquer injustiça em Deus, quer no<br />

caso dos eleitos, quer no caso dos réprobos.<br />

Entretanto, antes <strong>de</strong> prosseguir, esta objeção claramente prova<br />

que a razão por que Deus elege uns e rejeita outros <strong>de</strong>ve ser encontrada<br />

unicamente em seu propósito. Se a diferença entre os dois [grupos]<br />

fosse baseada, levando-se em conta suas obras, não haveria razão<br />

para discutir esta questão da injustiça divina, porquanto nenhuma<br />

suspeita <strong>de</strong> injustiça po<strong>de</strong> surgir quando Deus trata a cada um <strong>de</strong><br />

acordo com seus méritos. É digno <strong>de</strong> nota, também, em segundo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!