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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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336 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

é penosa a ausência <strong>de</strong> um bem que tanto <strong>de</strong>sejamos, <strong>de</strong>smaiaríamos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero caso não fôssemos sustentados e confortados pela paciência.<br />

A esperança, pois, sempre teve a paciência em sua companhia.<br />

A conclusão do apóstolo é, portanto, mui apropriada, a saber: tudo<br />

quanto o evangelho promete concernente à glória da ressurreição se<br />

<strong>de</strong>svaneceria caso não gastássemos nossa presente vida em carregar<br />

pacientemente a cruz e as tribulações. Se nossa vida é invisível, então<br />

é mister ter sempre a morte diante <strong>de</strong> nossos olhos; mas se nossa<br />

glória é invisível, então o nosso presente estado é a ignomínia. Se porventura<br />

quisermos sumariar toda esta passagem em poucas palavras,<br />

po<strong>de</strong>mos organizar os argumentos <strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong>sta forma: “A salvação<br />

está guardada na esperança para todos os santos, porém aquela qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> esperança que se acha concentrada nos benefícios futuros<br />

estão ausentes. Portanto, a salvação dos crentes está escondida. No<br />

momento, a esperança é sustentada somente pela paciência. É só por<br />

meio da paciência que a salvação dos crentes é consolidada.”<br />

Temos aqui, po<strong>de</strong>-se acrescentar, uma notável passagem que<br />

revela que a paciência é companheira inseparável da fé. A razão para<br />

isso é evi<strong>de</strong>nte, ou seja: quando somos consolados com a esperança<br />

<strong>de</strong> uma condição muito melhor, a consciência <strong>de</strong> nossas presentes<br />

misérias é suavizada e mitigada, para que as mesmas sejam enfrentadas<br />

com menos dificulda<strong>de</strong>s. 25<br />

26. Também o Espírito, semelhantemente,<br />

nos assiste em nossa<br />

fraqueza, porque não sabemos orar<br />

como convém; mas o mesmo Espírito<br />

interce<strong>de</strong> por nós com gemidos<br />

inexprimíveis.<br />

26. Similiter 26 verò Spiritus etiam coopitulatur<br />

infirmitatibus nostris; non<br />

enim quid oraturi sumus quemadmodum<br />

oportet, novimus; verùm<br />

Spiritus ipse intercedit pro nobis<br />

gemitibus imnarrabilibus.<br />

25 “Paciência”, diz Pareus, “se faz necessária por três razões: 1. o bem esperado está ausente;<br />

2. há a <strong>de</strong>mora; 3. a interferência <strong>de</strong> muitas dificulda<strong>de</strong>s.”<br />

26 A conexão aqui não é muito evi<strong>de</strong>nte: Ὠσαύτως – “similiter – <strong>de</strong> igual modo”, por Calvino;<br />

“iti<strong>de</strong>m – igualmente”, por Pareus e Beza; “præterea – além disso”, por Grotius; “<strong>de</strong>mais”,<br />

por Doddridge. A palavra geralmente significa, na mesma ou <strong>de</strong> igual maneira; mas as<br />

duas últimas parecem torná-la a<strong>de</strong>quada a este lugar; pois o que se segue é mencionado<br />

em adição ao que foi afirmado acerca da esperança e paciência.

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