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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 155<br />

na realida<strong>de</strong>, mas por imputação. Somente ele usa várias formas<br />

<strong>de</strong> expressão com o propósito <strong>de</strong> fazer mais evi<strong>de</strong>nte que não há<br />

mérito algum inerente em nós concernente a esta justiça. Se a obtemos<br />

pela remissão dos pecados, concluímos que ela se acha além<br />

<strong>de</strong> nós mesmos; e mais: se a remissão em si é um ato exclusivo da<br />

liberalida<strong>de</strong> divina, então todo mérito cai por terra.<br />

Po<strong>de</strong>-se, contudo, perguntar por que o apóstolo restringe o perdão<br />

aos pecados passados. Embora esta passagem seja explicada <strong>de</strong> várias<br />

formas, penso ser provável que o apóstolo estivesse pensando nas<br />

expiações legais, as quais eram na verda<strong>de</strong> evidências da satisfação<br />

futura, mas que não possuíam os meios <strong>de</strong> aplacar a Deus. Em Hebreus<br />

9.15, temos uma passagem similar, na qual se <strong>de</strong>clara que a re<strong>de</strong>nção<br />

das transgressões que restavam sob o antigo pacto foi produzida por<br />

Cristo. Entretanto, não temos que enten<strong>de</strong>r que só as transgressões<br />

daqueles tempos foram expiadas pela morte <strong>de</strong> Cristo. Esta é uma<br />

idéia completamente sem sentido, a qual alguns extremistas têm<br />

extraído <strong>de</strong> uma visão distorcida <strong>de</strong>sta passagem. Paulo ensina simplesmente<br />

que, até a morte <strong>de</strong> Cristo, não fora pago nenhum preço<br />

para satisfazer a Deus, e que isso não fora realizado nem consumado<br />

pelos tipos legais – por isso a verda<strong>de</strong> fora adiada até que chegasse<br />

a plenitu<strong>de</strong> dos tempos. Po<strong>de</strong>mos dizer mais, que aquelas coisas que<br />

nos envolvem em culpa têm <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radas pelo mesmo prisma,<br />

porquanto só há uma única propiciação para todos.<br />

A fim <strong>de</strong> evitar inconsistência, alguns eruditos têm mantido que<br />

os pecados anteriores são perdoados, com o fim <strong>de</strong> não parecer<br />

que se dava permissão para pecar-se no futuro. Sem dúvida que é<br />

verda<strong>de</strong> que nenhum perdão é oferecido exceto para os pecados já<br />

cometidos, não porque o valor da re<strong>de</strong>nção se extinga ou se perca,<br />

caso pequemos no futuro – segundo o conceito <strong>de</strong> Novato e seus<br />

sequazes –, mas porque a dispensação do evangelho consiste em pôr<br />

o pecador diante do juízo e da ira <strong>de</strong> Deus, e em pôr a misericórdia<br />

divina diante do pecador. Contudo, o verda<strong>de</strong>iro sentido está no<br />

que já havia explicado.

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