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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 149<br />

Portanto, eis a or<strong>de</strong>m a ser seguida para a discussão do presente<br />

tema: Primeiro, a causa <strong>de</strong> nossa justificação não se acha radicada<br />

no julgamento humano, e, sim, no tribunal divino, diante do qual<br />

só a perfeita e absoluta obediência à lei é computada como justiça,<br />

como é evi<strong>de</strong>nte das promessas e admoestações da lei. Se não há<br />

um sequer que atinja a santida<strong>de</strong> com tanta precisão, segue-se que<br />

todos os homens se acham <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> justiça inerente. Segundo,<br />

é indispensável que Cristo venha em nosso auxílio, pois ele é o único<br />

inerentemente justo e capaz <strong>de</strong> fazer-nos justos, transferindo para nós<br />

sua própria justiça. Agora percebemos como a justiça proce<strong>de</strong>nte da<br />

fé é a justiça <strong>de</strong> Cristo. Quando, pois, somos justificados, a causa eficiente<br />

é a misericórdia divina; Cristo é a substância [materia] <strong>de</strong> nossa<br />

justificação; e a Palavra, juntamente com a fé, 30 são os instrumentos.<br />

Diz-se-nos, portanto, que a fé justifica, visto ser ela o instrumento por<br />

meio do qual recebemos a Cristo, em quem a justiça nos é comunicada.<br />

Quando somos feitos participantes <strong>de</strong> Cristo, somos não só justos em<br />

nós mesmos, mas também nossas obras são [agora] consi<strong>de</strong>radas<br />

justas aos olhos <strong>de</strong> Deus, porque quaisquer imperfeições nelas existentes<br />

são obliteradas pelo sangue <strong>de</strong> Cristo. As promessas, que são<br />

condicionais, nos são cumpridas também pela mesma graça, visto<br />

que Deus galardoa nossas obras como se fossem perfeitas, uma vez<br />

que seus <strong>de</strong>feitos são cobertos pelo perdão gracioso.<br />

Para todos e sobre todos os que crêem. 31 À guisa <strong>de</strong> ampliação,<br />

ele reitera a mesma verda<strong>de</strong> em diferentes expressões, visando a<br />

expressar mais plenamente o que já ouvimos, ou, seja: o que é aqui<br />

requerido é exclusivamente a fé, para que os crentes não sejam<br />

distinguidos por características externas, e que, portando, não é<br />

importante se são gentios ou ju<strong>de</strong>us.<br />

30 No original temos: “Ut ergo justificemur, causa efficient est misericordia Dei, Christus materia,<br />

verbum cum fi<strong>de</strong> instrumentum – Quando, pois, somos justificados, a causa eficiente é<br />

a misericórdia <strong>de</strong> Deus; e Cristo, a causa material; a palavra com fé é o instrumento.”<br />

31 Εἰς πάντας και ἐπι πάντασ. Ele faz uma diferença semelhante em suas expressões no versículo<br />

30. Esta justiça, como dizem alguns, veio para os ju<strong>de</strong>us, como se lhes fora prometida,<br />

e sobre os gentios, como um dom com o qual não estavam familiarizados, e que lhes foi<br />

conferido. Mas a posse era igual e pertencia a todos os que creram, e nenhum outro, quer<br />

ju<strong>de</strong>u quer gentio.

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