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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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122 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

2. Muita, sob todos os aspectos. Isto é, muitas e variadas. Ele<br />

aqui começa a outorgar ao sacramento seu próprio lugar <strong>de</strong> honra.<br />

Não permite, porém, que os ju<strong>de</strong>us se vangloriem por esta conta.<br />

Quando diz que haviam sido marcados com o sinal da circuncisão,<br />

por meio do qual eram consi<strong>de</strong>rados filhos <strong>de</strong> Deus, ele não admite<br />

que hajam alcançado esta superiorida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> algum mérito<br />

ou dignida<strong>de</strong> propriamente sua, mas através dos benefícios divinos.<br />

Portanto, encarados como homens, eles eram, segundo Paulo o <strong>de</strong>monstra,<br />

iguais aos <strong>de</strong>mais homens; se levarmos em conta, porém,<br />

os favores <strong>de</strong> Deus, neste aspecto tinham <strong>de</strong> ser diferenciados das<br />

<strong>de</strong>mais nações, <strong>de</strong> acordo com a informação do apóstolo.<br />

Primeiramente, porque aos ju<strong>de</strong>us foram confiados os oráculos<br />

<strong>de</strong> Deus. Há comentaristas que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a tese <strong>de</strong> que há aqui um<br />

non sequitur [anapodoton, ou seja: antecipação], porque menciona<br />

algo que só posteriormente ele explica. Tudo indica que o termo<br />

primeiramente não indica or<strong>de</strong>m numérica, mas principalmente ou<br />

especialmente, 2 e <strong>de</strong>ve ser tomado neste sentido: “O fato <strong>de</strong> Deus<br />

haver-lhes confiado os oráculos 3 divinos só po<strong>de</strong> ser suficiente<br />

para assegurar-lhes sua dignida<strong>de</strong>.” É digno <strong>de</strong> nota o fato <strong>de</strong> que a<br />

vantagem da circuncisão não consiste no mero sinal, mas em que<br />

seu valor é <strong>de</strong>rivado da Palavra [<strong>de</strong> Deus]. Paulo, aqui, está perguntando<br />

qual o benefício que o sacramento conferia aos ju<strong>de</strong>us, e ele<br />

mesmo respon<strong>de</strong> que Deus havia <strong>de</strong>positado neles os tesouros da<br />

sabedoria celestial. Segue-se <strong>de</strong>ste fato que fora da Palavra não resta<br />

excelência alguma. Pelo termo oráculos, ele quer dizer o pacto que<br />

Deus inicialmente revelou a Abraão e a sua progênie, e mais tar<strong>de</strong><br />

foi selado e interpretado pela lei e pelos profetas.<br />

2 A palavra πρω̑τον é assim usada em outros lugares. Vejam-se Mateus 6.33; Marcos 7.27; 2<br />

Pedro 1.20.<br />

3 Λόγια, oracula, significa, nos autores gregos, resposta divina. Hesychius a explica como<br />

θέσφατα – ditames divinos. A palavra é usada quatro vezes no Novo Testamento. Em Atos<br />

7.38, ela significa especificamente a lei <strong>de</strong> Moisés; aqui, ela inclui todo o Velho Testamento;<br />

em Hebreus 5.12 e 1 Pedro 4.11, abarca as verda<strong>de</strong>s do evangelho. O caráter divino das<br />

Escrituras é atestado por meio <strong>de</strong>sta palavra; Elas são os oráculos <strong>de</strong> Deus, seus ditames<br />

ou suas comunicações.

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